Contratos sociais
As leis e normas institucionalizadas geralmente ocupam o espaço que antes estava preenchido pelo bom senso.
Elas são formadas a partir da perspectiva de que o bom senso é uma ingenuidade e de que um grupo restrito, que passou pelos rituiais modernos de iniciação (escola, faculdade, concurso, etc.), é capaz de descobrir e descrever os acordos que contemplam a maioria das pessoas.
Naturalizar a imcapacidade dos grupos humanos de conviver a partir do bom senso é tão paradoxal quanto naturalizar a competição com algo inerente a natureza humana.
Ora os mais adaptados ao sistema competitivo, ou os mais competitivos serão sempre, por definição, poucos dentor do universo de atores que teremos.
A crença de um mundo competitivo, regulado por um grupo restrito de produtores de leis e de padrões aceitos, de “vencedores”, se mantém com a polarização de oprimidos e opressores, de “vencedores” e “perdedores”.
Neste jogo, bem e mal são faces da mesma moeda, uma moeda moral (que foi reforçada durante século pela tradição cristã que criou Deus e o Diabo) que cria barreiras para a interação legítma, para o diálogo sincero e para a aprendizagem.
Os abismos sociais não serão removidos com mais trincheiras, distanciando, polarizando. é possível acumular bens(ou dívidas) para as próximas gerações, mas nao é possível acumular culpa e transferir para os filhos, nem dignidade.O que não significa esquecer o passado, mas não fazer do passado uma barreira para o diálogo.
Aliás culpa(outro forte elemento da cultura cristã) ajuda pouco na solução dos problemas. A culpa se materializa nos individuos e obscurece os processos, cria os vilões e heróis.
O sentimento de justiça, proclamado quando se encontra ou se coloca a culpa em alguem esta muito mais próximo de um sentimento infantil de vingança( ou punição que é a satisfação de ver alguem sofrer por ter cometido um erro), do que da justiça e esta ainda mais longe de desconstruir o processo que permite que o erro seja cometido.