Manual de Ensino Aspiração a Vácuo Utilizando Papaias – A Oficina da Papaia
O guia da oficina para usar mamão para introduzir cânulas estéreis para realização de aspiração manual à vácuo.
www.reproductiveaccess.org/resource/tea.../
Treinamento em AMIU usando mamão papaia
Usar papaias como modelos uterinos para introduzir estudantes de medicina e residentes à Aspiração Manual Intra-Uterina (AMIU) a vácuo provou ser uma excelente ferramenta de ensino.
Instruções para quem vai dar a oficina
Equipamento
O primeiro passo para uma oficina com papaia dar certo é juntar o equipamento necessário e os mamões. Use o tipo papaia (mamão formosa não serve). Os mamões funcionam melhor se estiverem um pouco maduros e não muito verdes, mas eles amadurecem rápido, por isso não compre com tanta antecedência. Idealmente, cada participante deve ter seu próprio mamão, embora em grandes grupos dois alunos geralmente podem compartilhar um.
Os conjuntos de equipamentos AMIU podem ser compartilhados por grupos de quatro a dez alunos, dependendo de quantos conjuntos estão disponíveis. No mínimo, cada conjunto de AMIU deve incluir dilatadores, uma cânula # 10 com adaptador e o aspirador. Dependendo dos recursos disponíveis, os seguintes equipamentos podem ser adicionados para tornar a simulação mais realista: espéculos, uma pinça tenaculum, seringas, fórceps, gazes e bacias. Também é útil ter à mão recipientes com água para enxaguar as cânulas que entupirão com as sementes e toalhas de papel para limpeza.
A oficina
Uma oficina com mamão para estudantes ou residentes deve começar com uma introdução ao cuidado do aborto. Uma maneira significativa de modelar o cuidado humanizado do aborto para os alunos é fazer uma encenação das opções de aconselhamento. A dramatização deve demonstrar um acolhimento centrado na mulher que busca um aborto – focando na sua decisão entre a medicação e o aborto por aspiração. Muitos estudantes e residentes estão surpresos que os médicos de família podem fazer abortos em ambientes de cuidados primários, e outros só viram aconselhamento em clínicas de aborto.
O cenário de dramatização é anexado. O cenário é flexível. Se você está fazendo isso para estudantes jovens de medicina, a paciente da encenação pode ser uma jovem. Se você está falando com médicos que cuidam de pessoas sem-teto, ela pode ser uma mulher sem-teto. Você pontuar que as mulheres de todas as esferas da vida praticam abortos e que sua encenação é apenas uma de muitas possibilidades de cenários comuns.
Outra maneira de fazer a encenação é apenas pedir um voluntário do público para ser a paciente. Orienta-a para que na encenação ela escolha o procedimento de aspiração, para poder gastar um pouco mais de tempo descrevendo o AMIU, já que é isso o que você vai demonstrar com o mamão. Mas caso contrário ela pode encenar ser apenas uma mulher que precisa de um aborto e que não sabe nada sobre as duas opções. Em algum momento da dramatização, abra para perguntas: “Se você fosse a mulher, que outras perguntas você teria?” Isso garante que você cobriu tudo o que o grupo quer saber . Se as perguntas começam a sobrecarregar o tempo programado, você pode pedir para que os alunos continuem a tirar suas dúvidas em seus pequenos grupos enquanto estiverem praticando com os mamões.
Em seguida, é útil demonstrar uma vez para todo o grupo a forma como o procedimento de aspiração é feito. Durante esta demonstração, você pode falar sobre a linguagem que os médicos de família usam para falar com a mulher durante o procedimento. Pode-se fazer um “exame bimanual” sobre o mamão, demonstrando aos alunos as posições do útero – retro-vertida ou ante-vertida.
Para preparar o mamão, você deve remover o talo. Tenha cuidado para não remover mais do que o necessário ou você pode, posteriormente, perder aquela parte durinha onde irá sua cânula. A área sob o caule é o que você usa como o cervix. Se o mamão ainda está verde e duro, você pode rolar ele contra uma mesa para amaciá-lo e assim permitir que as sementes possam ser aspiradas. Se você usar uma pinça tenaculum em sua demonstração, certifique-se de usá-la horizontalmente para que ela não se comunique com o “canal cervical” ou não haverá sucção. Dilate a abertura para poder usar uma cânula #10 flexível para aspirar as sementes. Os alunos muitas vezes perdem a sucção ou descobrem que as sementes entupiram a cânula. Esta é uma chance de falar sobre a solução de problemas da cânula e do aspirador e explicar que problemas semelhantes ocorrem na realidade.
Para oficinas com pessoas de pouca experiência clínica, como estudantes de primeiro e segundo ano, é importante lembrar que muitos nunca observaram um exame ginecológico e podem não ter ideia de quais são os nomes dos instrumentais e quais são seus usos. Eles não sabem sobre a posição uterina (pode-se determiná-la a partir de um exame bimanual), então tudo isso precisa ser explicado tanto visualmente com o mamão, quanto verbalmente, enquanto você demonstra.
Esta oficina é uma grande oportunidade para modelar a linguagem do grupo. Explicar-lhes que quando você usa um anti-séptico no colo do útero, nós não devemos dizer “agora estou limpando seu colo do útero”, porque isso soa à paciente que pensamos que a vagina dela está suja. É melhor dizer: “agora você vai sentir uma solução úmida em uma gaze passando em colo do útero” ou “estou limpando com um anti-séptico para não permitir que nenhuma bactéria entre em seu útero.”
Se você estiver usando a oficina com o mamão para ensinar os residentes antes de aprenderem a fazer AMIU’s em mulheres, pode dedicar mais atenção a cada etapa do procedimento, explicando a técnica sem-toque, e fazê-los lidar com cada instrumental repetidamente, enfatizando como puxar o aspirador, soltar a pinça, etc. Neste caso, uma prática mais completa com o mamão pode melhorar a técnica com os instrumentais em um ambiente muito menos carregado, ao invés de aprenderem primeiro em uma mulher real.
Fonte:
Papaya: A Simulation Model for Training in Uterine Aspiration
Maureen Paul, MD, MPH; Kristin Nobel, MPH
Family Medicine April 2005