TORTURA POLICIAL E PROVAS FORJADAS EM PORTO ALEGRE¶
Nesta semana em Porto Alegre, quem compareceu à praça dos três poderes testemunhou a luta de milhares de servidoras(es) públicas(os) contra as medidas de austeridade e neo liberais impostas pelo governo. Durante todos os dias onde se votaram matérias que alteram de forma radical o funcionamento do estado, a participação da população nas discussões da câmara estadual foi negada, pessoas foram expulsas de dentro da assembleia legislativa, e parte da brigada militar, cujos salários também estão atrasados, fechou o acesso à casa do povo.
Além de estabelecer ocupação militar ilegal na assembleia legislativa, o batalhão de choque e a cavalaria da brigada militar reprimiu duramente toda e qualquer manifestação das pessoas na rua, não obstante as diversas tentativas de diálogo direto e sensibilização por parte das classes, notavelmente pelos próprios brigadianos, policiais civis e agentes penitenciários que estavam do outro lado da cerca.
O comando da brigada militar justificou a repressão descabida, contínua e ininterrupta com reações isoladas provocadas pela própria repressão. Há inúmeros relatos das pessoas presentes no local, dos sindicatos, das organizações políticas, assim como da imprensa, de que a violência no local partiu sempre da brigada militar e nunca o contrário. Isto é confirmado pelas testemunhas oculares e por relatos.
A brigada militar perseguiu de forma direcionada determinados indivíduos, principalmente mulheres. Testemunhamos ou confirmamos a prisão de pelo menos três mulheres durante a semana. Uma delas permanece presa desde terça feira dia 20 e só será liberada no dia de hoje, sexta feira dia 23 de dezembro, com o terceiro pedido de habeas corpus.
No ato da prisão da professora e ativista Floren, uma mochila com diversos coqueteis molotov totalmente alheia à atuação da detida foi trazida pelos brigadianos, e em seguida foi divulgado na imprensa a fotografia do material, associando indevidamente a posse deste à professora e ativista. Consequentemente se estabelecendo a dúvida e suspeição na opinião pública. Ainda não temos informações conclusivas sobre se a brigada militar de fato atribuiu a posse deste material à Floren no inquérito, ou se simplesmente induziu a imprensa a fazer esta atribuição, o que em si já configura crime por parte dos brigadianos.
Sabe-se que as declarações dos agentes estatais, a princípio, são isentas de suspeita e só não possuem valor quando estes agem de má-fé. Sabe-se também que aqueles que buscam legitimar suas ações criminosas se valem de diversos subterfúgios como por exemplo, mas não limitado a forjar artificialmente provas incriminatórias, mentir para a imprensa e até o emprego de tortura. Isto é amplamente documentado e denunciado.
Em relação à tortura policial, lamentavelmente foi o caso da Floren. Antes de ser encaminhada para o presídio, a professora e ativista foi torturada pelos policiais militares. Ainda não sabemos o que exatamente aconteceu, mas a vítima da tortura registrou este fato durante audiência com a presença do comitê contra a tortura gaúcho, ministério público e advogadas(os). Esta atitude corajosa pode servir como exemplo para todas as pessoas que sofrem tortura policial e se calam por pressão emocional.
Hoje, sexta feira, após três dias de atividade jurídica e mobilização, foi concedido habeas corpus e Floren responderá em liberdade.
Relatos, comentários e análises da situação de contribuidores enviadas para a Mídia Capoeira¶
O comando da brigada militar testemunhou servidores públicos chorando e se desesperando com o desmonte das fundações públicas gaúchas e as medidas de austeridade do governo. O comando sabe, ou deveria saber da indgnação coletiva e também da postura anti democrática da presidência da câmara estadual. Isto não constitui condição suficiente para que a brigada militar seja sensibilizada com a luta dos trabalhadores. No entanto, o fato destes brigadianos serem também afetados e diretamente prejudicados por estas medidas, é fator relevante.
Sendo assim, é inalienável o direito da população de resistir à repressão injusitificada, descabida, inoportuna e ilegítima que fez a brigada militar durante toda a semana. É também digno de repúdio que a brigada militar atribua a responsabilidade de atos de auto defesa a indivíduos cautelosamente selecionados e diretamente perseguidos. Ainda mais sendo que estas são mulheres.
Também digno de repúdio é a comunhão de esforços entre a brigada militar, que prevarica usando sua condição de fé pública para inventar histórias e provas, e o grupo rbs que se vale da sua posição de crédito e confiança da população para disseminar notícias não verificadas e parciais. Só não entendo porque é que eles (polícia e rbs) acham ruim quando as pessoas cansam de sofrer esses abusos, se rebelam e reagem.
D.C.
Muitas pessoas pensam que a ditadura acabou. Estão iludidos. Tortura e assassinato ainda existem, pois não acabou 64. Não apenas continua, mas está aprimorado com mais trâmites legais e burocráticos para nos iludir. A mídia, igreja das massas, segue com seu papel desinformativo e manipulador. A dor e o medo continuam sendo ferramentas e sempre serão nessa conjuntura que estamos. Machiavel ensina a fazer o mal de uma vez e rapidamente para causar menos revolta. Nesse intuito a tortura permanece e aprimora-se. Estamos em Estado de exceção. Muitas pessoas sendo violadas e presas. O Estado apresenta suas armas e nós somos tratados como insetos que devem ser exterminados a qualquer custo. Por isso a companheira Floren foi presa no ato contra reforma da previdência e o pacote do Governador Sartori. Por isso sofreu tortura da Brigada…
H.B.
O pacotaço do governador do RS, que visa destruir secretarias, fundações e direitos dos servidores para “conter” a crise, sem propor nenhuma medida para parar a sonegação fiscal, que chega a 7 bilhões, está sendo votado e tem tido reprovação quase unanime dos trabalhadores, os quais tem organizado atos de resistência. Tais atos tem sofrido repressão desmedida por parte da Brigada Militar, com agressões, detenções sem causa e muita bomba de gás e bala de borracha. Ontem, dia 20/12, em mais um dos atos em frente à Assembléia Legislativa, por volta das 21:00, os militantes estavam organizando uma dispersão pacífica devido ao pequeno contingente de manifestantes em relação ao número de agentes da repressão, todavia o batalhão do choque cercou os dois lados da rua Jerônimo Coelho com policiais a pé e um camburão. A camarada foi pega com brutalidade por dois homens, portando somente a roupa do corpo. Os policiais que estavam a pé pegaram uma mochila com molotovs e enxertaram nela, que foi imediatamente encaminhada para penitenciária feminina Madre Pelletier como “autuada em flagrante” e permanece lá até então. Já tomamos as providências legais que estavam a nosso alcance e ela esta sob cuidados de um defensor público, entretanto não podemos nos calar diante desta situação. COMPANHEIROS TEM SIDO DETIDOS DIARIAMENTE EM PROTESTOS NA CAPITAL COM ACUSAÇÕES FALSAS E FLAGRANTES FORJADOS. Devemos expor esse sistema que criminaliza a esquerda, que persegue e prende aqueles que ousam lutar.
Y.Z.
Links¶
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