Então,
eu achei aquela articulação política meio miada e tava na instiga de me agrupar mais no miudinho…(creio que seja isso que cuzanfis coloca). Mas mesmo assim tá difícil pq qm tá lá tá vivendo intensamente essas broncas e tem que rolar um jogo de cintura massa para tentar propor ações que articulam uma noção não imediata (comer, dormir, segurança, relaxar dos stress).
Estou as voltas e pensando bastante no que tá rolando por lá e nas nossas (enquanto grupo) incapacidades. Não conseguimos articular uma presença micro-política nem articular nossos ditos trabalhos em andamento.
Explico:
Fiquei pensando como nesses momentos de aparecem as atuações nos “novos” espaços são apenas aquilo que xs atorxs já se ocupam e fazem no dia a dia, apesar dos “novos” espaços abertos. Nossas cabeças são programadas para resistirem às mudanças e se comportam de acordo com o que é habitual, mesmo que os discursos corram para abarcar essas “novas” ideias, espaços, possibilidades, retóricas.
Quando do aparecimento do espaço, nós (enquanto grupo) mostramos a nossa extrema fragilidade, por um lado quanto às nossas aspirações e organizaçõies micro, uma vez que mal conseguimos organizar um revezamento e um repasse estruturado do dia-a-dia da ocupação. Chegamos como individuos e pouco fizemos enquanto coletividade. Isso sem falar de questões inter-pessoais que se revelaram no espaço e que até então estivemos incapazes de averiguar.
Nossa outra fragilidade, na minha opinião, é a questão do trabalho que realizamos, muito além de sermos um agrupamento (não um coletivo por diversas razões como as noções de responsabilidade e objetivos, que não temos organizado) de pessoas, somos, supostamente, um “coletivo” de mídia. Área a qual negligenciamos enormemente. Uns podem advocar pela participação na comissão de comunicação e tal. Como isso é minha opinião pessoal… considero essa participação insuficiente. Principalmente pela questão de ser um grupo altamente focado e dependente do FB. Para além disso nosso planejamento foi pra pqp. Não digo aqui daquela história de priorizar o local, mas das estratégias que tinhamos traçado como a questão da “Guerrilha Midiática”. As duas coisas me trazem o mesmo desconforto… aparece algo novo e nossos caminhos são resetados… As críticas e receios com o FB voltam à estaca zero e não conseguimos trazer para o espaço nem o (pouco) que estamos fazendo (rádio, por exemplo), nem o que planejamos fazer enquanto estratégia de grupo (guerrilha midiática).
Então, escrevo essa “lavagem de roupa” mais pq acordei pensando nisso, apesar de estarmos num espaço dito “novo” agimos como agimos no cotidiano e essa emergencia do estelita só revela o quanto inertes estamos.
Não me agrada esse estado de coisas… já andei conversando com algumas pessoas sobre… mas aproveito mais uma vez para fazer um chamado a responsabilidade. A discussão sobre coletivo/espaço está longe de se começar… sempre se apoiando num longiquo retiro que discutiu e que deixou questões abertas… acho essa retrospectiva meio conservadora e em todo esse tempo não ajudou a avançar na nossa organização. Que o LaMA é um espaço isso é óbvio! Que cada um vai levar nas suas ações as suas concepções do espaço e apartir daí o espaço vai ser gerado por uma retroalimentação infinita, igualmente ÓBVIO!
Mas que somos um coletivo e que compartilhamos objetivos, estratégias, responsabilidades, que podemos fazer autocríticas sérias e olhar nos olhos de cada umx e cobrar energicamente algo que não aconteceu ou um deslize, isso é igualmente óbvio que NÃO acontece.
Deixo um chamado a aprofundarmos essa discussão e um convite axs que queiram começarmos a travar esse caminho de uma organização mais séria e que em momentos como esse do Estelita nós possamos aportar com uma força real e uma possibilidade de influenciar na vitória do movimento e não um fetichismo da participação que sempre está presente nos espaços, que tende participar de reuniões de horas sobre estratégias e do jogo político que envolve a prefeitura, as construtoras, o MPPE… mas não se gasta uma fração deste tempo em ações de formação e empoderamento das ditas bases. Se trabalha o discurso para o institucional e se esquece as margens, aquelxs que estão no movimento por uma pulsão e que pedem por momentos de protagonismo…não por reuniões burocráticas. GT’s de mídias livres, Grupos de estudos, Rádios e TVs Livres, Mutirão de lambe lambe, assembleias nos bairros, cozinhas comunitárias, escolas abertas… tanta coisa a fazer…
Viva o território livre!
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