Colocando as políticas novamente no Lesbianismo

crítica à despolitização das identidades lésbicas pela políticas de identidade sexual.

Trazendo a política de volta ao lesbianismo

Por: Janice G. Raymond
tradução Jessika Akemi

Sinopse: Esse artigo contrasta o lesbianismo como um movimento político ao lesbianismo como um estilo de vida. Ele aborda a corrente que enfatiza os círculos lésbicos sobre ‘’sexo como salvação’’ e que enfatiza re-sexualizar mulheres e despolitizar o lesbianismo. O liberalismo do estilo de vida lésbico compõe os modos de sexualidade do poder masculino, tal como sadomasoquismo, caminhão-lady, e servidão e dominação, sensual para as mulheres. Em nome da tolerância, diferença, e da comunidade lésbica, muitas lésbicas são dissuadidas de fazerem julgamentos e se oporem a tais atos. Finalmente, o artigo descreve os valores de uma lésbica feminista que tem princípios, política e paixão. Ele propõe um contexto de que a sexualidade lésbica pode parecer enraizada na imaginação lésbica — não nas fantasias lésbicas.

Movimento Político vs. Estilo de Vida Lésbico. Nós costumamos falar muito sobre o lesbianismo como um movimento político. Voltando aos velhos tempos quando o lesbianismo e o feminismo caminhavam juntos e ouvíamos a frase feminismo lésbico. Hoje em dia ouvimos mais sobre sadomasoquismo lésbico, lésbicas tendo filhos, e tudo que lésbicas precisam saber sobre sexo — o que elegantemente passou a ser chamado de ‘’política do desejo’’. Neste artigo, eu quero falar sobre o lesbianismo como um movimento político, mas antes de fazer isso é necessário discursar sobre o lesbianismo como um estilo de vida — que vem a ser para muitas uma preferência sexual sem a política feminista.

Primeiramente, esse estilo de vida lésbico está preocupado com o sexo. Não a sexualidade lésbica como uma afirmação política, ou seja, como uma mudança da realidade heterossexual, mas sexo lésbico como foder — como fazer isso, quando fazer isso, o que fazer para que funcione — resumidamente, como liberar a libido lésbica. As lésbicas por estilo de vida e os conservadores heterossexuais concordam em uma coisa — que para as mulheres o sexo é a salvação — algo que nos levará para a terra prometida, o após-vida, a graça maravilhosa. Por exemplo, Marabel Morgan, em Uma Mulher Absoluta, ensina mulheres cristãs de direita como performar as fantasias completas de seus maridos com todos os trajes e posturas sexuais que seriam rivais do armazém lésbico libertário. Para as Marabel Morgans desse mundo, dentro do casamento, vale tudo. Uma esposa deve agir como uma amante. Samois, um grupo americano de sadomasoquismo lésbico, apoia chicotes e correntes, ‘’dor é prazer, escravização consentida, liberdade-através-da-servidão, realidade-como-jogo, e qualidade-pela-dramatização’’ (Meredith, 1982, p.97). Fora do casamento, na verdade, fora da heterossexualidade, vale tudo. Libertação lésbica se tornou libertarianismo lésbico.

Comparando Marabel Morgan a Samois, estamos falando sobre a diferença entre uma cantiga de ninar e metal pesado? Ou estamos falando sobre similaridades entre adesivos que dizem ‘’mergulhadores vão mais fundo’’, ‘’voadores vão mais alto’’, ‘’conservadores fazem isso com consciência’’, ‘’lésbicas fazem isso com desejo’’? Parece haver poucas diferenças entre a visão do mundo conservador que coloca as mulheres neste mundo da sexualidade dos homens e o estilo de vida lésbico libertário que está cada vez mais preocupado em foder como o apogeu da existência lésbica. Por toda conversa sobre sexo perpetuada, o discurso lésbico libertário é mudo sobre a conexão com o resto da vida de uma mulher e, portanto, é mudo sobre o sexo também.

Tradicionalmente, as diferenças entre a sexualidade feminina têm sido usadas para mostrar como ela complementa a sexualidade masculina, e isso legitima a heterossexualidade como a condição natural e normativa de existência sexual para as mulheres; essa igualdade com a sexualidade masculina tem sido usada para legitimar as formas que a sexualidade masculina tem tomado e para proclamar essas formas como transcendentes do gênero. ‘’Para dizer isso de outra forma, a sexualidade feminina tem sido remoldada no modelo da sexualidade masculina, então essas mulheres estão agora seguras de serem iguais ou até melhores que os homens em termos de capacidade sexual’’ (Jackson, 1984, p.81).

A ênfase no estilo de vida lésbico recente e teorias libertárias de sexualidade tendem a confirmar a igualdade da sexualidade feminina e masculina — evidenciado pelo suposto ‘’fato’’ de que as mulheres agem, ou querem agir, ou deviam ser livres para agir dos mesmos modos que os homens têm sido aptos a agirem sexualmente. As lésbicas por estilo de vida argumentam que a sexualidade fêmea-fêmea deve ser ‘’liberada’’ para tomar formas do modelo de sexualidade do poder masculino, ou seja, as formas que dotaram os homens com o poder da sexualidade desinibida em uma sociedade patriarcal. As várias formas que o sexo do poder masculino tem tomado — sadomasoquismo, pornografia, dramatização de caminhão-lady, pederastia etc — vão supostamente libertar o então chamado ‘’poder reprimido’’ da sexualidade feminina.

O que as libertárias e as lésbicas por estilo de vida podem protestar é que a sexualidade masculina não possui canto em suas formas. Muitas podem manter que essas formas de sexualidade existiram reprimidas no ser das mulheres, apenas esperando para serem chamadas a diante para um contexto social diferente onde as mulheres são encorajadas a expressarem a si mesmas com o alcance sexual que os homens têm desfrutado. Muitos anos atrás, nos Estados Unidos, um grupo chamado FACT (Brigada Feminista Anti-Censura) — composto de acadêmicas, advogadas, artistas, literatas e muitos outros grandes nomes feministas — uniu forças com a indústria pornográfica para combater contra a legislação civil dos direitos feministas que faz a pornografia legalmente contestável. O FACT defende a pornografia citando especificamente a necessidade que as lésbicas têm disso e chamando isso de ‘’’material agradável despertador da sexualidade’’ que as mulheres devem ter a liberdade para escolher. ‘’O alcance da imaginação e expressão feminista no domínio da sexualidade mal começou a ter voz. As mulheres precisam de espaço reconhecido socialmente para apropriarem a si mesmas a validez do que tradicionalmente tem sido a linguagem masculina’’, ou seja, a pornografia (FACT, 1985, p.31).

O que está errado não é a afirmação de que as mulheres necessitam de maior alcance sexual, mas o confinamento às formas que a sexualidade masculina tomou. As libertárias sexuais e lésbicas por estilo de vida, por toda a ênfase delas na fantasia sexual, perdem a imaginação sexual real. Há um monte de conversas sensuais na literatura libertária sobre a necessidade das mulheres se libertarem das correntes do conceito de erotismo‘’bonzinho’’, da feminilidade posando como feminismo, e do sexo sentimental, espiritualizado e suave. Ainda que em nenhum lugar vejamos as formas que essa sexualidade feminina vital, vigorosa e robusta pode tomar articulada como nada diferente das formas do modelo de sexualidade do poder masculino.

O Modelo de Sexualidade do Poder Masculino, os modos e manifestações da sexualidade que as libertárias e lésbicas por estilo de vida sustentam como de alcance libertador desde o inócuo à injúria. A confusão de formas que têm dado posição de igualdade e representadas como sexo rebelde para as mulheres merecem por esses motivos análise separada. Por exemplo, Ellen Willis declara que, ‘’É precisamente o sexo como atividade agressiva e grosseira uma expressão da violência e da emoção ruim, um exercício de poder erótico, e especificamente uma experiência genital que tem sido um tabu para as mulheres’’ (Willis, 1983, p.85). Lado a lado, nós vemos Willis equiparando ‘’sexo como agressivo’’ e como ‘’emoção violenta’’, com sexo como o ‘’exercício do poder erótico’’’ e ‘’experiência genital’’. Todos são representados como meros tabus. Nenhum declive falso aqui; apenas conversa falsa para propósitos falsos.

Judith Walkowitz denominou a perspectiva libertária sobre sexualidade uma ‘’posição avançada” (Diário, 1981, p.72). É difícil ver o que é avançado ou progressivo sobre a posição que situa ‘’desejo’’ e o dinamismo sexual, vitalidade e vigor dessas mulheres presas em formas antigas de objetificação sexual, subordinação e violência, agora iniciadas por mulheres e feitas com o consentimento delas. As libertárias oferecem uma sexualidade supostamente desnudada do tabu feminino, mas apenas capaz de se vestir com trajes masculinos. Isso é uma sexualidade construída por machos rebocada.

Mas aparece mais nesse show de reboque do que nos atores e atividades do poder sexual masculino. Despolitizar também é um reboque, disfarçado como construção sexual da feminilidade. Quando a construção da sexualidade entrou no estágio central do discurso feminista, a política da sexualidade e dominação sexual foi forçada a sair — e também foi a política do lesbianismo. Por exemplo, as editoras de Desejo: A Política da Sexualidade argumentam que lésbicas têm sido assexuadas — por um consenso sexual entre feministas lésbicas e heterossexuais que é ‘’teoricamente aceitaram as propensões sexuais moderadas e saudáveis umas das outras…’’, mais ou menos no mesmo espírito que São Paulo aceitou a inevitabilidade do casamento para aqueles fracos de carne e alma’’ (Snitow, Stansell, & Thompson, 1983, p.27). A ‘’posição avançada’’ não fala mais sobre lesbianismo político e heterossexualidade compulsória. Isso tem sido relegado para uma pequena parte do discurso feminista. E são aquelas feministas extremistas, antissexo, reprimidas, puritanas e radicais que insistem em dar a isso até mais do que esse papel!

Há a suposição arrogante e paternalista nos argumentos libertários que aquelas que problematizam o conceito do prazer sexual são elas mesmas privadas dos prazeres mais vitais e vigorosos. Fracas sexuais! Problematizar o conceito de prazer sexual significa conversar sobre o poder masculino. E a ‘’posição avançada’’ dificilmente fala mais sobre o poder masculino — isso é simplista e sombrio. E como o F.A.C.T. brevemente expressou, isso apenas retrata homens como viciosos ‘’cães de ataque’’ e as mulheres como vítimas (F.A.C.T., 1985, p.39). Ao invés disso, a posição libertária fala muito sobre condicionamento social para a sexualidade ou o papel da socialização na realização da sexualidade. De modo que quando homens agem de certas maneiras, eles são meros produtos da socialização deles, assim como são as mulheres. Essas teorias perdem um conceito de poder que destaca que a sexualidade masculina é ligada com o poder — que há vantagens positivas na posição, ego e autoridade para os homens nas maneiras que eles exercem a sexualidade deles. As mulheres não podem suportar acriticamente essa análise para revelar a alegria do sexo.

A Estrutura de Representação, o cenário das formas sexuais que imitam o modo de sexualidade do poder masculino é apenas um dos focos. Outro, como Susanne Kappeler apontou com respeito à pornografia, é a estrutura de representação que deve ser levada em consideração. Isso significa que alguém está fazendo essas representações, e alguém está olhando para elas, ‘’através de uma ordem complexa de significados e convenções’’ (Kappeler, 1986, p.3). As libertárias e lésbicas por estilo de vida nos dizem que as atrizes sexuais que atuam em certos papeis, tais como caminhão/lady e dominadora/serva, são mulheres que podem tanto ser dominadoras quanto dominadas no ato sexual. Em outras palavras, quando lésbicas, por exemplo, tomam papeis como caminhão/lady ou dominadora/serva, porque são mulheres — duas lésbicas — engajadas em tais ‘’jogos’’ sexuais, nenhuma é objetificada, machucada ou violada. O libertarianismo e o lesbianismo por estilo de vida reivindicam nivelar a desigualdade cultural de macho dominador e fêmea dominada. Vamos olhar mais de perto esta reivindicação.

Muitas libertárias e lésbicas por estilo de vida, quando engajadas em vários atos sexuais, reivindicam que elas e seus atos estão resolutamente isolados de qualquer coisa que esses atos possam representar ‘’lá fora’’. A privacidade do quarto e o que acontece lá é separada, elas dizem, da realidade, em um ‘’quarto todo seu’’ — a esfera libertária e lésbica por estilo de vida da fantasia. No sadomasoquismo, por exemplo, os chicotes, correntes, suásticas, a parafernália militar, as algemas, as coleiras, os dominadores, as servas, não possuem dimensão no mundo real. Os papeis de dominador e serva, por exemplo, são tratados em um mundo separado, no santuário da atividade sexual, onde o jogo é jogado de acordo com outras leis, válidas no mundo da fantasia. A artista insulta o estético, frequentemente reivindicando que essa é uma zona livre da realidade. A libertária na mesma moda insular tenta abrigar a esfera sexual fazendo suas atividades aqui independentes da realidade, independentes da crítica. As atrizes sexuais e suas atividades existem em uma atmosfera rarefeita. Isso é como brincar na caixa de areia ou, mais precisamente, na caixinha de areia do gato.

As libertárias e lésbicas por estilo de vida teriam isso que até as mulheres ‘’tratarem’’ toda a questão da sexualidade, nenhuma libertação verdadeira advirá. O que esse foco tem alcançado é a re-sexualização das mulheres, dessa vez em nome da libertação das mulheres. A sexualização das mulheres certamente é um tema antigo que é comum tanto para os ‘’novos’’ reformadores sexuais e para sexologistas, assim como é o tema que as mulheres precisam libertar sua sexualidade para se libertarem. Havelock Ellis disse isso, também disse Kinsey, e mais recentemente Masters e Johnson. Mas dessa vez os ‘’novos’’ reformadores do sexo são mulheres, e o tema é que o desejo sexual feminino é enormemente poderoso, mais do que tem sido dado crédito na fraca literatura feminista que precede essa particular ‘’revolução sexual’’ libertária.

Sexo como uma Fonte Poderosa. O dogmatismo escondido aqui é que o sexo é a fonte do poder. Sexo é central — não a criatividade, não o pensamento, não qualquer outra coisa que não o sexo. Seguindo um tipo de linha freudiana, as libertárias exercem uma influência de re-conservação no feminismo e lesbianismo essencializando um vagamente definido ‘’poder de desejo’’.

A sexualidade parece estar na base de tudo na literatura libertária e lésbica por estilo de vida. Aqui, a primacia do sexo é reafirmada, dessa vez não necessariamente como conduzida pela biologia, mas como uma força de propulsão social — uma força que não tem apenas influência, mas poder determinista. A sexualidade adquire o tom de uma nova teoria do direito natural no discurso libertário, revertendo a teoria da sexualidade de ‘’anatomia é destino’’ em uma teoria de determinismo social. Sexo como condução biológica primária reaparece no sexo como motor social primário, se conduzindo à realização utilizando todos os modos sexuais do poder masculino de objetificação, subordinação e opressão. Como qualquer motor, o sexo requer a assistência dos ajustes e técnica. O modelo mecânico mais uma vez prevalece.

Podemos nós tão prontamente acreditar que o sexo é nossa salvação? Nós já não escutamos essa linha antes — de que o que realmente conta é a qualidade de nossa vida sexual, nossos orgasmos?

Nossa onda mais recente de feminismo perde muito do seu tempo de-sexualizando as imagens das mulheres na mídia, no mercado de trabalho, e no cosmos em geral. O que a posição libertária tem tido sucesso em fazer é re-sexualizar as mulheres, usando a retórica feminista e da libertação lésbica para afirmar que a sexualidade é um impulso radical. Mas a sexualidade é mais radical que qualquer outra coisa. Há certas formas disso que podem ser radicais e há certas formas disso que não. É irônico que as libertárias querem reafirmar as formas de sexualidade do poder masculino para empoderar mulheres.

Esse não é sempre o caso, contudo. Houve um tempo quando o movimento chamado feminismo lésbico teve paixão, princípios e política. Sem romantizar esse período como a era de ouro do feminismo lésbico, eu gostaria de recordar para nós o que o movimento foi e o que representava.

O Movimento Feminista Lésbico. Esse movimento foi a mudança mais forte da hetero-realidade que o feminismo encarnou. Isso mudou a visão de mundo que as mulheres existem para os homens e primariamente em relação a eles. Isso mudou a história das mulheres como primariamente revelada na família — uma história que frequentemente, no melhor dos casos, renderia às mulheres apenas relações com homens e eventos definidos pelos homens. Isso mudou a aparente verdade que ‘’Tu, como uma mulher, deve se unir com um homem’’, sempre buscando nossas metades perdidas na complementaridade das relações heterossexuais. Isso também mudou a definição do feminismo como igualdade das mulheres com os homens. Em vez disso, isso fez uma visão real de igualdade das mulheres com nós Mesmas. Definiu a igualdade como sendo igual para aquelas mulheres que têm sido pelas mulheres, vivido pela liberdade das mulheres e que morreram por isso; aquelas que lutaram por mulheres e sobreviveram pela força das mulheres; aquelas que amaram as mulheres e perceberam que sem a consciência e convicção de que as mulheres são primárias na vida de cada uma, nada mais está em perspectiva.

Esse movimento trabalhou a favor de todas as mulheres. Ele não tinha medo de definir estupro como sexo — não apenas violência, mas sexo. Ele criticou a prostituição e pornografia como sexualidade prejudicial para as mulheres e não tiveram medo de falar contra os revolucionários sexuais homens que queriam libertar todas as mulheres que tinham acesso para essa liberdade falsa. Ele estabeleceu centros para mulheres agredidas e levou a campanha feminista contra violência à mulher.

Mas então algo aconteceu. As mulheres — frequentemente lésbicas — começaram a definir as coisas de forma diferente. A pornografia passou a ser chamada de erótica e listada no serviço de discurso e auto-expressão lésbica. A violência contra a mulher passou a ser chamada de sadomasoquismo lésbico e foi listada a serviço do sexo lésbico, ou seja, foder. A prostituição passou a ser chamada de trabalho necessário para as mulheres e foi listada a serviço da realidade econômica feminina. O que mudou foi que no lugar de homens, as mulheres — incluindo as mulheres que se identificavam lésbicas — estavam endossando essas atividades para outras mulheres. E outras mulheres, outras lésbicas, estavam relutantes para criticar em nome de alguma unidade pseudo-feminista e lésbica.

Certamente, muitas lésbicas resistiram a essas degradações na vida das mulheres. Certamente, muitas lésbicas continuam na frente do movimento anti-pornografia. Muitas lésbicas estão lutando mundialmente contra a prostituição internacional e escravidão sexual. E muitas lésbicas falaram contra o sadomasoquismo lésbico. Mas ao passo que antigamente podíamos contar com um movimento político de feminismo lésbico para lutar contra essas atividades anti-feministas, a política do feminismo lésbico diminuiu.

O feminismo lésbico foi um movimento baseado no poder de um ‘’nós’’, não na fantasia de uma mulher individual ou auto-expressão. Foi um movimento que teve uma política — que percebeu que a prostituição, pornografia e violência sexual não podiam ser redefinidas como terapêuticas, econômicas ou sensuais para se ajustarem ao capricho individual de uma mulher em nome da livre escolha. Foi um movimento que reconheceu as complexidades da escolha e, como foi dito, as escolhas das mulheres são politicamente construídas.

Uma Questão de Escolha? Agora eu quero contar a vocês uma história — sobre escolha, porque toda vez que feministas radicais assinalam a construção política de escolha das mulheres, nós somos acusadas de sermos condescendentes às mulheres e de fazermos as mulheres de vítimas. Então, minha história.

Era uma vez, no começo dessa onda de feminismo, havia um consenso feminista de que as escolhas das mulheres eram construídas, sobrecarregadas, emolduradas, comprometidas, forçadas, coagidas, conformadas etc. pelo patriarcado. Ninguém propôs que isso significada que as escolhas das mulheres eram determinadas ou que as mulheres eram vítimas passivas ou desamparadas do patriarcado. Isso aconteceu porque muitas mulheres acreditavam no poder do feminismo de mudar a vida das mulheres e obviamente as mulheres não podiam mudar se eram determinadas socialmente em seus papeis ou massa maleável nas mãos do patriarcado. Nós até conversamos sobre maternidade compulsória e sim, heterossexualidade compulsória! Nós conversamos sobre os modos nos quais as mulheres e garotas jovens eram levadas à prostituição, acomodando elas mesmas ao espancamento masculino, e eram canalizadas para pagamentos baixos e empregos sem saída. E as mais moderadas de nós falaram sobre a socialização dos papeis sexuais. As mais radicais escreveram manifestos detalhando a construção patriarcal da opressão das mulheres. Mas a maioria de nós concordou, chamando do que fosse, que as mulheres não eram livres apenas por serem ‘’você e eu’’.

O tempo passou e junto veio uma visão mais ‘’matizada’’ de feminismo. Ele nos dizia para observar nossa linguagem de mulheres como vítimas. Mais mulheres foram para as escolas de graduação e profissionalização, ficaram ‘’mais espertas’’, foram recebidas nos bares, foram para a academia e se tornaram especialistas em todos os tipos de ramos. Elas partilharam do poder que os deuses masculinos criaram e ‘’viram que era bom’’. Elas perceberam a infinidade de opções disponíveis a elas, e então elas projetaram para todas as mulheres, e voilá, o evangelho da escolha autêntica. Elas começaram a dizer coisas como ‘’… grande cuidado deve ser tomado para não retratar as mulheres como incapazes de tomarem decisões responsáveis “ (Andrews, 1987, p.46).

Algumas mulheres pensaram que essas palavras eram familiares às que elas escutaram antes, mas o discurso analista feminista não parecia particularmente interessado em voltar ao que as feministas ‘’da velha guarda’’ rotularam como discurso liberal patriarcal. Elas diziam que isso era cansativo e fora de moda, e, além disso, as mulheres já ouviram demais sobre isso e era depressivo. “Não sejamos simplistas em culpar homens, elas disseram, porque essa análise ‘‘oferece tão poucos pontos influentes para ação, tão poucos pontos de entradas imaginativos para visar a mudança” (Snitow et al., 1983, p.30). Ao invés disso, elas começarem a conversar sobre os ‘’Reprodutores Felizes’’ e as ‘’Prostitutas Felizes’’ e as ‘’mulheres que amavam isso’’ e aquelas que amariam se pudessem ter ‘’a liberdade e espaço reconhecido socialmente para apropriar a elas mesmas a robustez do que tradicionalmente tem sido linguagem masculina” (leia-se pornografia).

Retórica de Linguagem: Barriga de Aluguel e Pornografia. Isso era familiar também, mas então algo estranho aconteceu. Essas mulheres que notaram a linha de continuidade entre os homens liberais patriarcais e o feminismo F.A.C.T., por exemplo, começaram a perceber que ao invés das mulheres imitarem o discurso masculino, os homens começaram a imitar as mulheres. Nos Estados Unidos veio junto um fenômeno chamado maternidade substituta. Uma decisão da corte de Nova Jersey acolheu o direito dos homens de comprarem mulheres — reprodutoras pagas — para ter seus bebês para eles (Corte Superior de Nova Jersey, 1987). Mas uma dessas então chamados substitutas decidiu lutar por ela mesma e sua criança, reconhecendo que a barriga de aluguel explora as mulheres. Isso ficou popularmente conhecido como o caso de Mary Beth Whitehead contra Bill Stern. Gary Skoloff, o advogado de Bill Stern no caso de barriga de aluguel de Nova Jersey, resumiu seu argumento no tribunal dizendo: ‘’Se você previne as mulheres de se tornarem mães substitutas e nega a elas a liberdade de decidir, você está dizendo que elas não têm a habilidade de fazer suas próprias decisões. Isso tem sido injustamente paternal e isso é um insulto à população feminina dessa nação’’. Algumas mulheres sentiram que ‘’A imitação é a adulação mais sincera’’. Elas começaram a testemunhar a favor de coisas como pornografia e barriga de aluguel para que pudessem imitar todos os homens que as imitaram. Ficou difícil dizer quem imitava quem.

E então os legisladores americanos começaram a submeter defendendo barriga de aluguel, com regulamentação adequada, é claro, que principalmente protegiam o doador de esperma e as agências de coletagem, porque o feminismo estava nos melhores interesses dos homens, e finalmente os homens perceberam isso. Isso foi como as feministas humanistas sempre disseram, que o feminismo é bom para os homens também. Antes dessa decisão ser revertida por um tribunal maior, o juiz Harvey Sorkow proclamou que Bill Stern foi sobrecarregado com o ‘’desejo intenso’’ de procriar e até disse que isso estava ‘’dentro da alma’’. Ele disse que o argumento feminista que um ‘’grupo de pessoas da mais alta elite econômica usará o grupo de economia mais baixa de mulheres para ‘fazer o bebê deles’ ” foi ‘’insensível e ofensivo’’ para os Bill Sterns desse mundo. Um homem de sentimento, ele disse que Mary Beth Whitehead foi uma ‘’mulher sem empatia’’. Ele estava muito preocupado com Sr. Stern experimentar a ‘’realização’’ dele como pai, e então deu a ele a Bebê Sara que Sr. Stern chamou de Bebê Melissa.

Pouco tempo antes disso, o procurador geral convocou uma Comissão sobre Pornografia que escutou o testemunho de mulheres que estiveram na pornografia. Howard Kurtz do Posto de Washington, outro homem de sentimento, questionou a veracidade dessas mulheres caricaturando seus sentimentos ‘’um desfile de vítimas auto-descritas que diziam suas histórias tristes por trás de uma tela opaca. Muitos especialistas dos dois lados da questão disseram que tais contos anedóticos sobre a aflição não provavam nada sobre o efeito dos materiais explícitos de sexualidade” (Kurtz, 1985, A4, enfâse meu). Para não ficar atrás, Carol Vance escarneceu sobre o testemunho das mesmas mulheres citando com aprovação um repórter homem que puxou ela durante as audiências e disse’’testemunho falso’’ (Coveney & Kaye, 1987, p.12).

Para encurtar uma longa história, os homens tomaram essa linguagem de descrença pelas feministas que estão agora nos dizendo que vítimas da pornografia escolheram as camas em que deitaram. Mary Beth Whitehead escolheu assinar seu contrato. Todos os homens e mulheres de sentimento entendem isso. É o nosso direito de escolha, afinal, que está em jogo. A pornografia e barriga de aluguel protegem esse direito de escolha. Esse tipo de liberdade de escolha, esse tipo de liberdade é o liberalismo. E, infelizmente, o lesbianismo por estilo de vida também é liberalismo.

Liberalismo do Lesbianismo por Estilo de Vida. O liberalismo do lesbianismo por estilo de vida significa que nós — ou seja, as lésbicas — não podemos mais dizer nós. Ao invés disso, as mulheres dizem: ‘’na minha opinião’’, ou ‘’para mim’’, ou ‘’como eu vejo isso’’ ou ‘’Eu tenho direito ao que me excita’’. Então o que nos restou? Certamente não foi o lesbianismo político que não pode sequer enquadrar uma sentença na primeira pessoa do plural nesse ponto da história lésbica. Não, pelo contrário— uma visão lésbica extremamente egocêntrica. E nós fomos deixadas com a tirania da tolerância que passa por diferença.

Como se cada desejo individual se tornasse uma diferença pessoal ou cultural que outras mulheres não devem apenas tolerar, mas também promover. Então o desejo de uma mulher, racionalizado como um desejo de libertar sua sexualidade engajando-se em sadomasoquismo, por exemplo, deve ser tolerado por outras mulheres e/ou lésbicas em nome de promover as diferenças lésbicas e fomentar a unidade lésbica abrindo espaço para todas as diferenças, em nome de alguma comunidade feminista e/ou lésbica definida, julgamentos de valor não podem ser feitos porque isso é ser divisiva. Que tipo de unidade pode ser construída com a falta de vontade para julgamentos?

Por exemplo, muitas mulheres vagamente ‘’sentem’’ que o então chamado sadomasoquismo lésbico é errado, mas se seguram para não traduzirem seus sentimentos em palavras e ações. Outras mulheres dizem a elas que ninguém tem o direito de julgar o comportamento das outras ou forçar às outras seus próprios valores. Isso é o que eu chamo de tirania da tolerância — ‘’fazendo o que é seu’’. A tirania da tolerância dissuade mulheres de pensamentos cabeça-dura de se responsabilizarem por discordarem das outras e de agirem. Isso nos coloca em uma posição extremamente passiva. O que é definido como liberdade de valores, ou seja, não fazer julgamentos, pode parecer sensibilidade e respeito às outras mulheres, mas na realidade isso faz as mulheres passivas e não-críticas, porque isso para o julgamento e a ação. E a vida ativa social e política decorrem de valores, escolhas e atividades que são definidas com clareza e exercidas com comprometimento.

Mary Daly delineou muitos elementos do feminismo radical (Daly, 1984, p. 397–398; Daly, 1987, p.75). De maneira similar eu ressaltarei os muitos valores comumente mantidos pelo feminismo Lésbico que nos permitem dizer nós novamente. Se nós somos lésbicas feministas, nós temos conhecimento claro e presente que os garotos, e algumas garotas, não gostarão de nós e que nós podemos ter problemas pelo caminho.

Colocando o ‘nós’ de volta no Feminismo Lésbico. Se nós somos feministas lésbicas nós somos radicalmente diferentes do que a sociedade heterossexual quer que sejamos. E não é uma diferença falsa, é uma diferença real. Por exemplo, a sexualidade lésbica é diferente, enraizada na imaginação lésbica. Não é a mesma antiga sexualidade que as mulheres devem apresentar em uma hetero-realidade. Não é pornografia, não é caminhão e lady, e não é servidão e dominação. Em primeiro lugar, uma sexualidade com a imaginação enraizada na realidade. Como Andrea Dworkin escreveu, ‘’A imaginação não é um sinônimo de fantasia sexual… ’’. A fantasia pode apenas evocar um apanhado roteirizado de truques que são uma repetição infinita das práticas heterossexuais conformistas. ‘’A imaginação encontra nossos significados, novas formas; valores e atos. A pessoa com imaginação é empurrada para frente por isso em um mundo de possibilidade e risco, um mundo distinto de significado e escolha” (Dworkin, 1987, p.48); não para o ferro velho heterossexual do libertarianismo lésbico e atividades por estilo de vida que se reciclaram para as mulheres como bens fantásticos. O lesbianismo por estilo de vida põe a fantasia no lugar da imaginação. Você já percebeu como todo mundo fala sobre suas fantasias e não sobre imaginação?

Se nós somos lésbicas feministas, nós sentimos e agimos a favor das mulheres como mulheres. O feminismo lésbico não é um movimento de uma questão. Ele faz conexões entre todas as questões que afetam as mulheres — não apenas o que afeta este grupo, classe ou nacionalidade particular, e não quer apenas afetar as lésbicas. Nós sentimos e agimos por todas as mulheres porque nós somos mulheres, e mesmo se fôssemos as últimas a professar isso, nós ainda estaríamos aqui pelas mulheres.

Se nós somos lésbicas feministas, nós continuamos. Mesmo quando isso não é popular. Mesmo quando isso não é recompensado. Não apenas ontem. Não apenas hoje. Não apenas algumas horas na semana. O feminismo lésbico é um modo de vida, um modo de viver por nosso Eu mais profundo e pelas outras mulheres.

E aquelas que pensam que a objetificação, subordinação e violação de mulheres é aceitável, apenas contanto que você chame isso de erótica lésbica ou sadomasoquismo lésbico — elas não são lésbicas feministas. E aquelas que pensam que é aceitável na privacidade de seus próprios quartos, onde elas aproveitam isso — especialmente sexualmente — elas também não são lésbicas feministas. Como Mary Daly disse, elas são lésbicas ‘’da cintura para baixo’’. E àquelas que dizem, como nos atrevemos a definir o significado do feminismo, eu digo — se não definimos o significado do feminismo, o que o feminismo significa?

Por anos nós lutamos contra a representação de lésbicas na pornografia heterossexual. Nós dissemos, ‘não há nós nessas posturas de dramatização caminhão e lady. Não é assim que fazemos amor. Não há nós tratando umas as outras como sádicas ou masoquistas. Não há nós presas nessas correntes, com esses chicotes, e nessas fantasias de homens do que as mulheres fazem com outras mulheres. Esse é um sonho de homens do que uma lésbica é do que as lésbicas fazem’’, nós dissemos. E nós não apenas dissemos isso. Nós lutamos isso. Então agora o que acontece. Nós temos pornografia lésbica aparecendo em páginas americanas de pornô de mulheres como ‘’Má Atitude’’ e ‘’Às Nossas Costas’’. E nós temos a F.A.C.T. e toda essa ‘’literatura feminista e lésbica’’ que nos diz que a pornografia heterossexual, que a heteropornografia, é certa. Temos um círculo completo — infelizmente — de volta ao mesmo ponto negativo de início.

Visões Futuras e Contexto para a Sexualidade Lésbica. Então, eu quero terminar falando sobre uma visão e contexto para a sexualidade lésbica. Para aquelas que querem orientações de como fazer isso, esse fim será um desapontamento. Eu quero sugerir que a sexualidade pode parecer enraizada na imaginação lésbica, e não nas fantasias heterossexuais de pornografia lésbica. Essa é uma visão, um contexto, uma nota final que é na verdade um começo.

Essa visão de sexualidade inclui a ‘’habilidade de tocar e ser tocada’’. Mas mais, um toque que faz contato, como James Baldwin expressou isso. Andrea Dworkin, com base nessas palavras de Baldwin, escreve sobre a sexualidade como ato, o ponto de conexão, onde o toque faz contato se o autoconhecimento está presente. É também o ato, o ponto de conexão, onde a incapacidade do toque fazer contato é revelada e onde os resultados podem ser devastadores. Na sexualidade, a intimidade é sempre possível, tanto quanto nós dissemos que sexo é sexo — ou seja, simples prazer. Na sexualidade, uma gama de emoções sobre a vida é expressa, mesmo que a relação seja casual ou impessoal — sentimentos de traição, raiva, isolamento e amargura assim como esperança, alegria, ternura, amor e comunhão (Dworkin, 1987, pp.47–61). Todos, embora não todos juntos, residem nessa paixão que chamamos sexualidade. A sexualidade é onde essas emoções se tornam acessíveis ou anestesiadas. Toda a vida humana não fica parada no sexo.

Libertárias e lésbicas por estilo de vida simplificam a complexidade de toda essa vida humana que está presente no ato sexual. Abandonando que a totalidade — essa história, esses sentimentos, esses pensamentos — permite o incêndio, mas não a paixão. ‘’Todo toque, mas sem contato’’ (Baldwin, 1962, p.82).

A paixão, é claro, permite o amor. É possível, mas não inevitável. A paixão é uma passagem entre duas pessoas. O amor é uma extensão dessa passagem. A paixão pode se tornar amor, mas não sem se abrir a isso. O sexo como paixão, e talvez como amor, não apenas um incêndio, é uma experiência radical de ser e se tornar, de escavar possibilidades dentro do verdadeiro eu, e dentro das outras talvez, que têm sido desconhecidas.

Eu comecei essa conversa indicando que, embora as lésbicas por estilo de vida falem constantemente sobre sexo, elas são mudas sobre a conexão disso com toda a vida humana e, portanto, elas são mudas sobre o próprio sexo. A presença de toda uma vida humana no ato da sexualidade nega qualquer visão reducionista do sexo como bom ou mau, puro prazer ou pura perversão. Dworkin nos lembra que quando o sexo está ficando igual, quando o sexo é odiado, quando o sexo é utilidade, quando o sexo é indiferente, então o sexo é a destruição do ser humano, de outra pessoa talvez, mas indubitavelmente de si mesma. O sexo é toda a vida humana enraizada na paixão, na carne. Toda essa vida humana está em jogo sempre.

REFERENCES

Andrews, Lori. (1988). Feminist perspectives on reproductive technologies. In Reproductive laws for the 1990’s, Briefing Handbook. Newark, NJ: Women’s Rights Litigation Clinic, Rutgers Law School.

Baldwin, James. (1962). Giovanni’s room. New York: The Dial Press.

Coveney, Lal, & Kaye, Leslie. (1987). A symposium of feminism, sexuality, and power. Off our backs. January.

Daly, Mary. (1984). Pure lust: Elemental feminist philosophy. Boston: Beacon Press.

Daly, Mary in cahoots with Jane Caputi. (1987). Webster’s First New Intergalactic Wickedary. Boston: Beacon Press.

Diary of a Conference on Sexuality. (1981). Unpublished Notes of Original Diary Circulated Among Conference Planners for the 1982 Barnard Conference on The Scholar and the Feminist: Toward a Politics of Sexuality.

Dworkin, Andrea. (1987). Intercourse. New York: The Free Press. FACT (Feminist Anti-Censorship Taskforce et al).(1985).

Brief Amici Curiae, №84–3147. In the U.S. Court of Appeals, 7th Circuit, Southern District of Indiana.

Jackson, Margaret. (1984). Sexology and the Universalization of Male Sexuality (from Ellis to Kinsey, and Masters and Johnson). In L. Coveney et al. (Eds.), The sexuality papers. London: Hutchinson & Co.

Kappeler, Susanne. (1986). The pornography of representation. Minneapolis: University of Minnesota Press.

Kurtz, Howard. (1985). Pornography Panel’s Objectivity Disputed. Washington Post. October 15.

Meredith, Jesse. (1982). A response to Samois. In Robin Ruth Linden et al. (Eds.), Against sadomasochism. East Palo Alto, CA: Frog in the Well Press.

Snitow, Ann, Stansell, Christine, & Thompson, Sharon. (Eds.). (1983). Introduction. Desire: The politics of sexuality. London: Virago Press.

Superior Court of New Jersey. 1987. “In the Matter of Baby ‘M’.” Opinion. March 31: 1–121.

Willis, Ellen. (1983). Feminism, moralism, and pornography. In Ann Snitow, Christine Stansell, & Sharon Thompson (Eds.), Desire: The politics of sexuality. London: Virago Press.
Lesbianidade
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Janice Raymond
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Traduções lesboseparatistas e sobre lésbicas no Japão.
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PUTTING THE POLITICS BACK INTO LESBIANISM

By Janice G. Raymond

Reference: RAYMOND, J.G. (1989) “Putting the Politics back into Lesbianism” in Women’s Studies International Forum. Volume: 12, Number: 2, pp. 149-156.

Politics vs Lifestyle || Male-Power Sexuality Model || Structure of Representation || Sex as a Power Source
Lesbian Feminist Movement || A Matter of Choice? || Rhetoric of Language: Surrogacy and Pornography
Liberalism of Lifestyle Lesbianism || Putting the ‘we’ back into Lesbian Feminism
Future Visions and Context for Lesbian Sexuality || References

Copyright © Janice G. Raymond, 1989
Women’s Studies Program, Bartlett 208, University of Massachusetts, Amherst, MA 01003, U.S.A.

Synopsis
This article contrasts lesbianism as a political movement to lesbianism as a lifestyle . It addresses the current emphasis in lesbian circles on “sex as salvation,” and maintains that this emphasis re-sexualizes women and de-politicizes lesbianism. The liberalism of lesbian lifestylism makes the male-power modes of sexuality, such as s & m, butch-femme, and bondage and domination, sexy for women. In the name of tolerance, difference, and lesbian community, many lesbians are dissuaded from making judgments and opposing such acts. Finally, the article describes the values of a lesbian feminism that has principles, politics, and passion. It proposes a context for what lesbian sexuality might look like rooted in lesbian imagination – not lesbian fantasies.
Political Movement vs Lesbian Lifestyle
We used to talk a lot about lesbianism as a political movement – back in the old days when lesbianism and feminism went together, and one heard the phrase, lesbian feminism. Today, we hear more about lesbian sadomasochism, lesbians having babies, and everything lesbians need to know about sex – what has fashionably come to be called the “politics of desire.” In this article, I want to talk about lesbianism as a political movement, but before doing that it is necessary to address lesbianism as a lifestyle – what has for many come to be a sexual preference without a feminist politics.

For one thing, this lesbian lifestyle is preoccupied with sex. Not lesbian sexuality as a political statement, that is, as a challenge to hetero-reality, but lesbian sex as fucking – how to do it, when to do it, what makes it work – in short how to liberate lesbian libido. Lesbian lifestylers and hetero-conservatives agree on one thing – that for women sex is salvation – something that will get us into the promised land, the afterlife, that amazing grace. For example, Marabel Morgan in The Total Woman teaches right-wing Christian women how to act out the fantasies of their husbands complete with all the accoutrements and sexual postures that would rival the lesbian libertarian warehouse. For the Marabel Morgans of this world, inside marriage, anything goes. A wife should act like a mistress. Samois, an American lesbian sadomasochist group, embraces whips and chains, “pain is pleasure, enslavement by consent, freedom-through-bondage, reality-as-game, and quality-through-role-play” (Meredith, 1982, p.97). Outside marriage, in fact outside heterosexuality, anything goes. Lesbian liberation has become lesbian libertarianism.

In comparing Marabel Morgan to Samois, are we talking about the difference between a lullaby and heavy metal? Or are we talking about the similarities between those bumper stickers that read “sea divers do it deeper,” “sky divers do it higher,” “conservatives do it with conscience,” “lesbians do it with lust?” There seems to be little difference between a conservative world view which locates women in this world sexually for men and a lesbian libertarian lifestyle that is increasingly preoccupied with fucking as the apogee of lesbian existence. For all the perpetual talk about sex, libertarian lesbian discourse is speechless about its connection to the rest of a woman’s life and, therefore, it is speechless about sex itself.

…Traditionally, the differentness of female sexuality has been used to show how it complements male sexuality and thus legitimates heterosexuality as the natural and normative condition of sexual existence for women; its sameness to male sexuality has been used to legitimate the forms that male sexuality has taken and to proclaim those forms as transcending gender. “To put it another way, female sexuality has been remoulded on the model of male sexuality, so that women are now held to equal or even surpass men in terms of our sexual capacity” (Jackson, 1984, p.81).

The emphasis in the most recent lesbian lifestyle and libertarian theories of sexuality has tended to confirm the sameness of female sexuality to male sexuality – evidenced by the supposed “fact” that women act, or want to act, or should be free to act, in the same ways that men have been able to act sexually. Lesbian lifestylers argue that female-female sexuality must be “freed up” to take on the forms of the male-power model of male sexuality, that is, the forms that have endowed males with the power of uninhibited sexuality in a patriarchal society. The various forms that male-power sex has taken – s & m, pornography, butch-femme role playing, pederasty, etc. – will supposedly release the so-called “repressed power” of female sexuality.

The libertarians and lesbian lifestylers might protest that male sexuality has no corner on these forms. Many would maintain that these forms of sexuality have existed repressed in the very being of women, only waiting to be called forth by a different social context in which women are encouraged to express themselves with the sexual latitude that men have enjoyed. Several years ago, in the United States, a group called FACT (Feminist Anti-Censorship Taskforce) – composed of academics, lawyers, artists, literati, and many big-name feminists – joined forces with the pornography industry to do battle against feminist civil rights legislation that makes pornography legally actionable. FACT defends pornography specifically citing the need that lesbians have for it, and calling it “enjoyable sexually arousing material” which women must have the freedom to choose. “The range of feminist imagination and expression in the realm of sexuality has barely begun to find voice. Women need the socially recognized space to appropriate for themselves the robustness of what traditionally has been male language,” that is, pornography (FACT, 1985, p.31).

What is wrong here is not the assertion that women need more sexual latitude, but its confinement to the forms that male sexuality has taken. The sexual libertarians and lesbian lifestylers, for all their emphasis on sexual fantasy, lack real sexual imagination. There is a lot of sexy talk in the libertarian literature about the necessity for women to be freed from the chains of the “goody-goody” concept of eroticism, from femininity posing as feminism, and from sentimental, spiritualized, and soft sex. Yet nowhere do we see the forms that this vital, vigorous, and robust female sexuality would take articulated as anything different than the forms of the male-power sexuality model.
The Male-Power Sexuality Model
The modes and manifestations of sexuality that the libertarians and lesbian lifestylers hold up as liberating range from the innocuous to the injurious. The melange of forms that have been given equal status, and represented as rebellious sex for women, deserves analysis on these grounds alone. For example, Ellen Willis states, “It is precisely sex as an aggressive, unladylike activity, an expression of violent and unpretty emotion, an exercise of erotic power, and a specifically genital experience that has been taboo for women” (Willis, 1983, p.85). Side by side, we see Willis equating “sex as aggressive” and as “violent emotion,” with sex as the “exercise of erotic power” and “genital experience.” All are represented as mere taboo. No slippery slope here; just slippery prose for slippery goals.

Judith Walkowitz has termed the libertarian perspective on sexuality the “advanced position” (Diary, 1981, p.72). It is difficult to see what is so advanced or progressive about a position that locates “desire,” and that imprisons female sexual dynamism, vitality, and vigor, in old forms of sexual objectification, subordination, and violence, this time initiated by women and done with women’s consent. The libertarians offer a supposed sexuality stripped naked of feminine taboo, but only able to dress itself in masculine garb. It is a male-constructed sexuality in drag.

But more appears in this drag show than the male-power sexual actors and activities. De-politicizing is also in drag, disguised as the social construction of sexuality. When the social construction of sexuality entered the center stage of feminist discourse, the politics of sexuality and sexual domination were forced to exit – and so too were the politics of lesbianism. For example, the editors of Desire: The Politics of Sexuality argue that lesbianism has been unsexed – by a sexual consensus between lesbians and heterosexual feminists that “theoretically accepted each other’s moderated, healthy sexual proclivities . . . in somewhat the same spirit that St. Paul accepted the inevitability of marriage for those weak of flesh and soul” (Snitow, Stansell, & Thompson, 1983, p.27). The “advanced position” does not talk about political lesbianism and compulsive heterosexuality anymore. They have been relegated to a bit part in feminist discourse. And it’s those extremist, anti-sex, repressed, puritanical radical feminists who insist on giving them even that much of a role!

There is the arrogant and patronizing assumption in libertarian arguments that those who make problematic the concept of sexual pleasure are themselves deprived of its more vital and vigorous delights. Sexual wimps! Problematizing the concept of sexual pleasure means talking about male power. So the “advanced position” hardly talks about male power anymore – that’s simplistic and grim. And as the F.A.C.T. brief so facilely phrased it, that only portrays men as vicious “attack dogs” and women as victims (F.A.C.T., 1985, p.39). Instead, the libertarian position talks a lot about social conditioning to sexuality or the role of socialization in achieving a sexuality. So that when men act in certain ways, they are mere products of their socialization, as are women. These theories lack a concept of power that highlights that male sexuality is bound up with power – that there are positive advantages in status, ego, and authority for men in the ways they have exercised their sexuality. Women cannot uncritically bracket this analysis in order to revel in the joy of sex.
The Structure of Representation
The scenario of sexual forms that mimic the male-power mode of sexuality is only one focus. Another, as Susanne Kappeler has pointed out with respect to pornography, is the structure of representation that must be taken into consideration. This means that somebody is making those representations, and somebody is looking at them, “through a complex array of means and conventions” (Kappeler, 1986, p.3). The libertarians and lesbian lifestylers tell us that the sexual actors who act out certain roles, such as butch/femme and master/slave, are women who can be both subjects and objects in the sexual event. In other words, when lesbians, for example, take on butch/femme or master/slave roles, because they are two women – two lesbians – engaged in such sex “play,” no one is objectified, hurt, or violated. Libertarianism and lesbian lifestylism purport to level the cultural inequality of male subject and female object. Let’s look more closely at this claim.

Many libertarians and lesbian lifestylers, when they engage in various sexual acts, claim that they and their acts are resolutely sequestered from anything these acts might represent “out there.” The privacy of the bedroom and what goes on there is separated, they say, from reality, in a “room of one’s own”- the libertarian and lesbian lifestyle sphere of fantasy. In sadomasochism, for example, the whips, the chains, the swastikas, the military paraphernalia, the handcuffs, the dog collars, the masters, the slaves have no dimension in the real world. The master or slave roles for example, are treated in a world apart, in a sanctuary of sexual activity, where the game is played according to other rules, valid in that fantasy world. The artist insulates the aesthetic, often claiming it as a reality-free zone. The libertarian in the same insular fashion attempts to shelter the sexual sphere making her activities here independent of reality, independent of critique. The sexual actors and activities exist in a rarefied atmosphere. It’s like playing in the sandbox, or more accurately in the kitty litter box.

The libertarians and lesbian lifestylers would have it that until women “deal with” the whole issue of sexuality, no true liberation will ensue. What this focus has achieved is the re-sexualization of women, this time in the name of women’s liberation. The sexualization of women, of course, is an old theme that is common to both old and “new” sex reformers and sexologists, as is the theme that women need to be freed up sexually in order to be liberated. Havelock Ellis said it, as did Kinsey, and most recently Masters and Johnson. But this time the “new” sex reformers are women, and the theme is that the female sexual urge is enormously powerful, more so than it has been given credit for in the flaccid feminist literature that preceded this particular libertarian “sexual revolution.”
Sex as a Power Source
The hidden dogmatism here is that sex is the source of power. Sex is central – not creativity, not thinking, not anything else but sex. Following a kind of Freudian line, the libertarians exert a re-conservatizing influence on feminism and lesbianism essentializing some vaguely defined “power of desire.”

Sexuality seems to be at the base of everything in the libertarian and lesbian lifestyle literature. Here, the primacy of sex is reasserted, this time not necessarily as a biological drive, but as a propelling social force – a force that has not only influence but deterministic power. Sexuality takes on the tone of a new natural law theory in libertarian discourse, reversing the “anatomy is destiny” theory of sexuality into a theory of social determinism. Sex as a primary biological drive reappears in sex as a primary social motor, driving itself to fulfillment by utilizing all of the male-power modes of sexual objectification, subordination, and oppression. Like any motor, sex requires the assistance of tinkering and technique. The mechanistic model once more prevails.

Can we so readily believe that sex is our salvation? Haven’t we heard this line before – that what really counts is the quality of our sex lives, our orgasms?

Our most recent wave of feminism has spent much of its time de-sexualizing the images of women in the media, the marketplace, and the cosmos in general. What the libertarian position has succeeded in doing is re-sexualizing women, using feminist and lesbian liberation rhetoric to assert that sexuality is a radical impulse. But sexuality is no more radical than anything else. There are certain forms of it that may be radical and there are certain forms of it that are not. It is ironic that the libertarians want to reassert the male-power forms of sexuality to empower women.

This was not always the case, however. There was a time when this movement called lesbian feminism had a passion, principles, and politics. Without romanticizing that period as the golden age of lesbian feminism, I would like to recall for us what that movement was and what it stood for.
The Lesbian Feminist Movement
This movement was the strongest challenge to hetero-reality that feminism embodied. It challenged the worldview that women exist for men and primarily in relation to them. It challenged the history of women as primarily revealed in the family – a history that often in the best of accounts, rendered women only in relation to men and male-defined events. It challenged that seemingly eternal truth that “Thou as a woman must bond with a man,” forever seeking our lost halves in the complementarity of hetero-relations. It even challenged the definition of feminism itself as the equality of women with men. Instead, it made real a vision of the equality of women with our Selves. It defined. equality as being equal to those women who have been for women, those who have lived for women’s freedom and those who have died for it; those who have fought for women and survived by women’s strength; those who have loved women and who have realized that without the consciousness and conviction that women are primary in each other’s lives, nothing else is in perspective.

This movement worked on behalf of all women. It wasn’t afraid to define rape as sex – not just violence but sex. It criticized prostitution and pornography as sexually hip for women and wasn’t afraid to speak out against the male sexual revolutionaries who wanted to liberate all the women they could get access to in the name of this fake freedom. It established centers for battered women and led the feminist campaign against violence against women.

But then something happened. Women – often other lesbians – began to define things differently. Pornography came to be called erotica and enlisted in the service of lesbian speech and self-expression. Violence against women came to be called lesbian sadomasochism and enlisted in the service of lesbian sex, that is, fucking. Prostitution came to be called necessary women’s work and enlisted in the service of female economic reality. What had changed was that instead of men, women – including women who called themselves lesbians – were endorsing these activities for other women. And other women, other lesbians, were reluctant to criticize in the name of some pseudo-feminist and lesbian unity.

Certainly many lesbians resisted these debasements of women’s lives. Certainly, many lesbians are still in the forefront of the anti-pornography movement. Many lesbians are fighting worldwide against international prostitution and sex slavery. And many lesbians have spoken out against lesbian sadomasochism. But whereas formerly, you could count on a political movement of lesbian feminism to fight against these antifeminist activities, the politics of lesbian feminism has diminished.

Lesbian feminism was a movement based on the power of a “we,” not on an individual woman’s fantasy or self-expression. This was a movement that had a politics – that realized that prostitution, pornography, and sexual violence could not be redefined as therapeutic, economic, or sexy to fit any individual woman’s whim in the name of free choice. It was a movement that recognized the complexities of choice and how so-called choices for women are politically constructed.
A Matter of Choice?
Now I want to tell you a story – about choice, because everytime radical feminists point out the political construction of women’s choices, we are accused of being condescending to women and of making women into victims. Thus, my story.

Once upon a time, in the beginnings of this wave of feminism, there was a feminist consensus that women’s choices were constructed, burdened, framed, impaired, constrained, limited, coerced, shaped, etc. by patriarchy. No one proposed that this meant women’s choices were determined, or that women were passive or helpless victims of the patriarchy. That was because many women believed in the power of feminism to change women’s lives and obviously, women could not change if they were socially determined in their roles or pliant putty in the hands of the patriarchs. We even talked about compulsory motherhood and yes, compulsory heterosexuality! We talked about the ways in which women and young girls were seasoned into prostitution, accommodated themselves to male battering, and were channeled into low paying and dead-ended jobs. And the more moderate among us talked about sex roles socialization. The more radical wrote manifestos detailing the patriarchal construction of women’s oppression. But most of us agreed, that call it what you will, women were not free just to be “you and me.”

Time passed, and along came a more “nuanced” view of feminism. It told us to watch our language of women as victims. More women went to graduate and professional schools, grew “smarter,” were received at the bar, went into the academy, and became experts in all sorts of fields. They partook of the power that the male gods had created and “saw that it was good.” They perceived the plethora of options available to them, and thus they projected to all women, and voila the gospel of unadulterated choice. They started saying things like " . . . great care needs to be taken not to portray women as incapable of responsible decisions" (Andrews, 1987, p.46).

Some women thought these words were familiar, that they had heard them before, but the feminist discourse analysts didn’t seem particularly interested in tracing this back to what “old-fashioned” feminists labelled liberal patriarchal discourse. They said this was boring and outmoded, and besides women had already heard enough of this, and it was depressing. Let’s not be simplistic and blame men, they said, since this analysis “offers so few leverage points for action, so few imaginative entry points for visions of change” (Snitow et al., 1983, p.30). Instead they began to talk about the “Happy Breeders,” and the “Happy Hookers” and the women who loved it" and those who would love it if they could only have “the freedom and the socially recognized space to appropriate for themselves the robustness of what traditionally has been male language” (read pornography).
Rhetoric of Language: Surrogacy and Pornography
This was familiar too, but then something strange happened. Those women who had noted the thread of continuity between liberal patriarchal men and F.A.C.T. feminism, for example, began to notice that instead of women mimicking male speech, men began to mimic women. In the United States, along came a phenomenon called surrogate motherhood. A New Jersey court decision upheld the right of men to buy women – paid breeders – to have their babies for them (Superior Court of New Jersey, 1987). But one of these so-called surrogates decided to fight for herself and her child, recognizing that surrogacy exploits women. This was popularly known as the case of Mary Beth Whitehead versus Bill Stern. Gary Skoloff, the lawyer for Bill Stern in the New Jersey surrogacy case, summed up his court argument by saying: “If you prevent women from becoming surrogate mothers and deny them the freedom to decide you are saying that they do not have the ability to make their own decisions It’s being unfairly paternalistic and it’s an insult to the female population of this nation.” Some women felt that “Imitation is the sincerest of flattery.” They began to testify in favor of things like pornography and surrogacy so that they could imitate all the men who imitated them. It became difficult to tell who was imitating whom.

And then American legislators began to submit bills advocating surrogate contracts, with proper regulations of course, that mostly protected the sperm donor and the brokerage agencies, because feminism was in the best interests of men, and finally men had realized this. It was as the feminist humanists had always said, that feminism is good for men too.

Before this decision was reversed by a higher court, the judge, Harvey Sorkow, proclaimed that Bill Stern was overwhelmed with the “intense desire” to procreate and even said it was “within the soul.” He said the feminist argument that an “elite upper economic group of people will use the lower economic group of women to ’make their babies”’ was “insensitive and offensive” to the Bill Sterns of this world. A man of feeling himself, he said that Mary Beth Whitehead was a “woman without empathy.” He was very concerned that Mr. Stern experience his “fulfillment” as a father, and so he gave him Baby Sara whom Mr. Stern called Baby Melissa.

Shortly before this, the Attorney General convened a Commission on Pornography which heard testimony from women who had been brought into pornography. Howard Kurtz of the Washington Post, another man of feeling, questioned the veracity of these women by caricaturing their feelings “a parade of self-described victims who tell their sad stories from behind an opaque screen. Many experts on both sides of the question say such anecdotal tales of woe prove nothing about the effect of sexually explicit materials” (Kurtz, 1985, A4, emphasis mine). Not to be outdone in feeling, Carol Vance poured scorn on the testimony of these same women by quoting with approval a male reporter who would nudge her during the hearings and say “phoney witness” (Coveney & Kaye, 1987, p.12).

To make a long story short, the men got this language of disbelief from feminists who are now telling us that victims of pornography choose their own beds to lie in. Mary Beth Whitehead chose to sign her contract. All men and women of feeling understand this. It’s our right to choose, after all, which is at stake. Pornography and surrogacy protect that right of choice. This kind of freedom of choice, this kind of liberty is liberalism. And unfortunately, lifestyle lesbianism is also liberalism.
Liberalism of Lifestyle Lesbianism
The liberalism of lifestyle lesbianism means that we – that is, lesbians – can’t say we anymore. Instead, women say: “in my opinion,” or “for me,” or “as I see it” or “I have the right to what turns me on.” So what are we left with? Certainly not political lesbianism which cannot even frame a sentence in the first person plural at this point in lesbian history. No, rather – an extremely self-centered lesbian worldview. And we are left with a tyranny of tolerance that passes for difference.

It is as if every individual desire has become a personal or cultural difference that other women must not only tolerate but also promote. So one woman’s desire, rationalized as a need to free up her sexuality by engaging in s & m for example, must be tolerated by other women and/or lesbians in the name of promoting lesbian differences and fostering lesbian unity by making room for all such differences. In the name of some amorphously defined feminist and/or lesbian community, value judgments cannot be made because that’s being divisive. What kind of unity can be built on an unwillingness to make judgments?

For example, many women vaguely “feel” that so-called lesbian sadomasochism is wrong but hold themselves back from translating that feeling into words and action. Other women tell them that no one has the right to judge the behavior of others or enforce one’s own values. This is what I mean by a tyranny of tolerance – “doing your own thing.” The tyranny of tolerance dissuades women from tough-minded thinking, from responsibility for disagreeing with others, and from the will to act. This puts us in an extremely passive position. What is defined as value freedom, that is, not making judgments, may appear sensitive to and respectful of other women but in reality it makes women passive and uncritical since it stops both judgments and action. And active social and political life stem from values, choices, and activities that are defined with clarity and exercised with commitment.

Mary Daly has outlined several elements of radical feminism (Daly, 1984, pp.397-398; Daly, 1987, p.75). In a similar fashion I would highlight several commonly-held values of Lesbian feminism that allow us to say we again. If we are lesbian feminists, we have clear and present knowledge that the boys, and some of the girls, are not going to like us and that we just might run into trouble along the way.
Putting the ‘we’ back into Lesbian Feminism
If we are lesbian feminists, we are radically different from what the hetero-society wants us to be. It not a fake difference, but a real difference. For example, lesbian sexuality is different, rooted in the lesbian imagination. It is not the same old sexuality that women must submit to in hetero-reality. It is not pornography, it is not butch and femme, and it is not bondage and domination. It is for one thing, a sexuality that is imagination rooted in reality. As Andrea Dworkin has written, "Imagination is not a synonym for sexual fantasy… "Fantasy can only conjure up a scripted bag of tricks that are an endless repetition of heterosexual conformist practices. “Imagination finds new meanings, new forms; values and acts. The person with imagination is pushed forward by it into a world of possibility and risk, a distinct world of meaning and choice” (Dworkin, 1987, p.48); not into the heterosexual junkyard of lesbian libertarian and lifestyle activities that get re-cycled to women as fantastic goods. Lesbian lifestylism puts fantasy in place of imagination. Have you ever noticed how everyone talks about their fantasies and not about imagination?

If we are lesbian feminists, we feel and act on behalf of women as women. Lesbian feminism is not a one issue movement. It makes connections between all issues that affect women – not only what affects this particular group, class, nationality, and not only what affects lesbians. We feel and act for all women because we are women, and even if we were the last ones to profess this, we would still be there for women.

If we are lesbian feminists, we keep going. Even when it’s not popular. Even when it’s not rewarded. Not just yesterday. Not just today. Not just a couple of hours on the weekend. Lesbian feminism is a way of life, a way of living for our deepest Selves and for other women.

And those who think that the objectification, subordination and violation of women is acceptable just as long as you call it lesbian erotica or lesbian sadomasochism – they’re not lesbian feminists. And those who think that it’s acceptable in the privacy of their own bedrooms, where they enjoy it, where they get off on it – especially sexually – they’re not lesbian feminists either. As Mary Daly has said, they’re lesbians “from the waist down.”

And to those who say, how dare we define what feminism means, I say – if we don’t define what feminism means, what does feminism mean?

For years, we fought against the depiction of lesbians in hetero-pornography. We said, “that’s not us in those poses of butch and femme role-playing. That’s not the way we make love. That’s not us treating each other as sadists or as masochists. That’s not us bound by those chains, with those whips, and in those male fantasies of what women do with other women. That’s a male wet dream of what a lesbian is and what lesbians do,” we said. And we didn’t only say it. We fought it. So now what happens. We have lesbian pornography appearing in U.S. “women’s” porn mags such as “Bad Attitude” and “On Our Backs.” And we have the F.A.C.T. Brief. And all of this “feminist and lesbian literature” tells us that straight pornography, that heteropornography, is right. We are butches and femmes, we are sadists and masochists, and we do get off on doing violence to each other. We’ve come full circle -unfortunately back to the same negative starting point.
Future Visions and Context for Lesbian Sexuality
So I want to end by talking about a vision and a context for lesbian sexuality. For those who want how-to-do-it guidelines, this ending will be a great disappointment. I want to suggest what sexuality might look like rooted in lesbian imagination, not in the hetero-fantasies of lesbian pornography. This is a vision, a context, an endnote that is really a beginning.

This vision of sexuality includes the “ability to touch and be touched.” But more, a touch that makes contact, as James Baldwin has phrased it. Andrea Dworkin, building on these words of Baldwin, writes about sexuality as the act, the point of connection, where touch makes contact if self-knowledge is present. It is also the act, the point of connection, where the inability of touch to make contact is revealed and where the results may be devastating. In sexuality, intimacy is always possible, as much as we say that sex is sex – that is, simple pleasure. In sexuality, a range of emotions about life get expressed, however casual or impersonal the intercourse – feelings of betrayal, rage, isolation, and bitterness as well as hope, joy, tenderness, love, and communion (Dworkin, 1987, pp.47-61). All, although not all together, reside in this passion we call sexuality. Sexuality is where these emotions become accessible or anesthetized. A whole human life does not stand still in sex.

Libertarian and lesbian lifestylism simplifies the complexity of that whole human life that is present in the sex act. Abandoning that totality – that history, those feelings, those thoughts – allows for wildfire but not for passion. "All touch but no contact (Baldwin, 1962, p.82).

Passion, of course, allows for love. Its possibility, not its inevitability. Passion is a passage between two people. Love is an extension of that passage. Passion can become love, but not without the openness to it. Sex as passion, and perhaps as love, not merely as wildfire is a radical experience of being and becoming, of excavating possibilities within the self surely, and within another perhaps, that have been unknown.

I began this talk by stating that, although the lesbian lifestylers talk about sex constantly, they are speechless about its connection to a whole human life, and, therefore, they are speechless about sex itself. The presence of a whole human life in the act of sexuality negates any reductionistic view of sex as good or bad, sheer pleasure or sheer perversion. Dworkin reminds us that when sex is getting even, when sex is hatred, when sex is utility, when sex is indifferent, then sex is the destroying of a human being, another person perhaps, assuredly one’s self. Sex is a whole human life rooted in passion, in flesh. This whole human life is at stake always.
References

Andrews, L. (1988). “Feminist perspectives on reproductive technologies” in Reproductive Laws for the 1990’s, Briefing Handbook. Newark, NJ: Women’s Rights Litigation Clinic, Rutgers Law School. Baldwin, J. (1962). Giovanni’s Room. New York: The Dial Press. Coveney, L. & Kaye, L. (1987). “A symposium of feminism, sexuality, and power” in Off Our Backs. January. Daly, M. (1984). Pure Lust: Elemental Feminist Philosophy. Boston: Beacon Press. Daly, M. & Caputi, J. (1987). Webster’s First New Intergalactic Wickedary. Boston: Beacon Press. Diary of a Conference on Sexuality. (1981). Unpublished Notes of Original Diary Circulated Among Conference Planners for the 1982 Barnard Conference on The Scholar and the Feminist: Toward a Politics of Sexuality. Dworkin, A. (1987). Intercourse. New York: The Free Press. F.A.C.T. (Feminist Anti-Censorship Taskforce et at). (1985). Brief Amici Curiae, No. 84-3147. In the U.S. Court of Appeals, 7th Circuit, Southern District of Indiana. Jackson, M. (1984). “Sexology and the Universalization of Male Sexuality (from Ellis to Kinsey, and Masters and Johnson)” in Coveney, L. et. al. (eds.), The Sexuality Papers. London: Hutchinson & Co. Kappeler, S. (1986). The Pornography of Representation. Minneapolis: University of Minnesota Press. Kurtz, H. (1985). “Pornography Panel’s Objectivity Disputed” in Washington Post. October 15. Meredith, J. (1982). “A response to Samois” in Robin Ruth Linden et al. (eds.), Against Sadomasochism. East Palo Alto, CA: Frog in the Well Press. Snitow, A., Stansell, C. & Thompson, S. (eds.). (1983). “Introduction” in Desire: The politics of Sexuality. London: Virago Press. Superior Court of New Jersey. 1987. “In the Matter of Baby ‘M’.” in Opinion. March 31: 1-121. Willis, E. (1983). “Feminism, moralism, and pornography” in Snitow, A., Stansell, C. & Thompson, S. (eds.), Desire: The politics of Sexuality. London: Virago Press.
 

eu traduzi esse texto, não sei se tá na grupa já

 
   

acho q ta