Lierre Keith, Patriarcado e Planeta Terra

Essa é a real genialidade do patriarcado: ele não só naturaliza a opressão, como ele sexualiza atos de opressão. Então ele erotiza dominação e subordinação e institucionaliza isso em masculinidade e feminilidade. O patriarcado naturaliza, erotiza e institucionaliza a opressão.

A genialidade do feminismo é que nós descobrimos isso.

Feminilidade é o conjunto de comportamentos que são em essência a submissão ritualizada. A socialização feminina é um processo de reprimir psicologicamente as meninas e, finalmente, “quebrá-las”. A esse processo chamamos aliciamento, e ele cria uma classe de vítimas conformadas. Feminilidade é na realidade apenas a psique traumatizada demonstrando aquiescência.

Isso não é natural e não foi criado por deus. É um arranjo social corrupto e brutal.

Tem se tornado comum em alguns círculos ativistas abraçar noções do pós-modernismo, e isso inclui essa ideia de que o gênero é de alguma forma um binário.

O gênero não é um binário, é uma hierarquia. É global em seu alcance, é sádica em sua prática e é assassina em sua conclusão.

Assim como as raças. Assim como as classes.

O gênero demarca as fronteiras geopolíticas do patriarcado, que é o mesmo que dizer que nos divide ao meio. E essa metade não é horizontal, é vertical. E caso você não tenha percebido, os homens estão sempre no topo.

Gênero não é um cósmico yin yang. É um punho e uma carne que sangra. É uma boca violentamente calada e uma menininha que nunca mais será a mesma. Gênero decide quem será humano e quem será machucado.

E como fica mais fácil se você pode dizer “deus a fez dessa maneira para que esteja abaixo de mim” ou “a natureza a fez dessa maneira, a coisa com o buraco” ou “ela se fez dessa maneira, a vadia que pediu por isso”.

Porque nós sempre merecemos. O estupro, a pobreza, a prostituição. Até pelo assasinato nós pedimos. Todas essas práticas juntas são o que Andrea Dworkin chamou de barricada do terrorismo sexual. E o gênero é o que demarca precisamente os limites. As mulheres vivem dentro da barricada e os homens vivem fora. Aliás, eles construíram essa barricada. Punho por punho, foda por foda.

Nós não temos escolha: se você nasceu fêmea, você nasceu em um campo de batalha.

 

é dificil mesmo das mulheres, incluindo as feministas chegarem a este aprofundamento, de que o gênero não é binário, mas hierárquico.
e daí temos entrado em muitas discussões que são infrutíferas pela divergencia no “core” do problema.
a feminilização é a primeira violência da qual sofremos, e ela nos é ensinada desde que nascemos.

colocação pertinente hembrista. :]

 
   

What parallels does the author draw between gender, race, and class in terms of their oppressive structures, and how does she suggest these systems interact globally? Block Blast