lista de lésbicas vitimizadas ou mortas pela lesbofobia

wiki editável. formato mais útil, ágil, coletivo e em meios livres. Aviso de Gatilhos: violência, assassinato, lesbofobia, butchfobia, femícidio, lesbicídio, discriminação, descrição de agressões físicas. Não é muito legal ler esse dossiê mas se for ler tenha consciência de que o conteúdo é este.

LISTA DE LÉSBICAS VÍTIMAS DE LESBOFOBIA

1 – BRENDA LEMOS (Rapper Mc Branquella)

Idade: 21 anos
Data da agressão: noite de 30 de abril de 2016 (sábado)
Local da agressão: bairro São Lázaro, Manaus – AM
Morta com (6) tiros na cabeça, braços e pernas.

2 – CASAL DE LÉSBICAS SÃO AGREDIDAS POR SEGURANÇA DE UMA BOATE NA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO CAPITAL. NOITE DO DIA 10 DE ABRIL DE 2016 (DOMINGO)

reporteralagoas.com.br/novo/vai-embora-.../

3 – LUANA BARBOSA DOS REIS

Idade: 34 anos
Data da agressão: espancada no dia 8 de abril de 2016 e morreu no dia 13 de abril
Local da agressão: Jardim Paiva II, periferia de Ribeirão Preto – SP
Mãe, negra, lésbica que não perfomava feminilidade. Espancada por seis PMs após ela se recusar a ser revistada por policiais homens.
ponte.org/a-historia-de-luana-mae-negra.../

4 – PRISCILA APARECIDA SANTOS DA COSTA

Idade: 25 anos
Data da agressão: Madrugada do dia 22 de fevereiro de 2016 (segunda-feira)
Local da agressão: Itanhaém – litoral de São Paulo
De acordo com a polícia, Priscila reagiu as ofensas lesbofóbicas e, após uma briga, ela saiu do local com sua namorada e o irmão e foi até uma praça, no bairro Jardim Guapiranga. Na sequência, por volta dos 5h30, Fabiano chegou ao local, de bicicleta, e efetuou dois disparos, atingindo a vítima, e fugiu. A jovem chegou a ser resgatada e encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu aos ferimentos.
g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2...

5 – THAYS GIEDRY

Idade: 22 anos
Data da agressão: noite do dia 31 de janeiro de 2016 (domingo)
Local da agressão: Praça do Rádio Clube, em Campo Grande – MS
Foi degolada em uma emboscada armada pela ex-companheira e o atual namorado de sua ex.
g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia...

6 – FABIANE HILÁRIO

Idade: 20 anos
Data da agressão: foi encontrada no dia 27 de janeiro de 2016
Local da agressão: A jovem de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), foi encontrada morta em uma estrada de terra perto da BR-116, na capital, na quarta-feira (27).
A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que a vítima foi achada com ferimentos na cabeça por um morador da região.
g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/01/...

7 – EM ARAGUAÍNA – NORTE DO TOCANTINS, NO DIA 6 DE JANEIRO DE 2016, MENINA DE 14 ANOS É VÍTIMA DE TENTATIVA DE ESTUPRO CORRETIVO DO PRÓPRIO PAI APÓS O MESMO DESCOBRIR QUE A FILHA É LÉSBICA. A MENINAVINHA SENDO VÍTIMA DE AGRESSÕES FÍSICAS E ABUSO SEXUAL POR PARTE DO PAI.

g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2016/...

8 – Casal: ELICRIS MUNIZ DA SILVA e ROSELI DOMINGOS CORREIA

Idade: Elicris – 24 anos | Roseli – 20 anos
Data da agressão: Noite do dia 4 de janeiro de 2016 (segunda-feira)
Local da agressão: Centro de Ibateguara, Zona da Mata alagoana
Foram mortas a tiros dentro da casa que residiam.

diarioarapiraca.com.br/editoria/policia...

9 – ANDRIA LOIZE FREITAS VARGAS

Idade: 17 anos
Data da agressão: corpo encontrado na manhã do dia 27 de dezembro de 2015 (domingo)
Local da agressão: terreno baldio no cruzamento das ruas Sidney Coelho Nogueira com a Santana, na região central de Rio Brilhante – MS.
Morta com três tiros de pistola.
www.campograndenews.com.br/cidades/inte...

10 – LAÍS RODRIGUES CASTANO

Idade: 21 anos

Data da agressão: tarde do dia 7 de junho de 2015 (domingo)

Local da agressão: Avenida Marechal Argolo Ferrão, na Vila Sabrina – São Paulo capital.
Morreu com 14 tiros a caminho da Parada LGBT de São Paulo de 2015 após discutir com um homem.
extra.globo.com/casos-de-policia/polici...

11 – DAYANE RAMOS SANTOS

Idade: 21 anos
Data da agressão: corpo encontrado na manhã do dia 30 de novembro de 2014 (domingo)
Local da agressão: Maringá – PR
Foi vítima de estupro antes de ser morta com golpes de faca no pescoço e virilha.
www.annoticias.com.br/Noticias/maringa/...

12 – DENISE RIBEIRO DA SILVA

Idade: 26 anos
Data da agressão: 6 de outubro de 2012 (sábado)
Local da agressão: bairro Novo Paraíso em Cuiabá – MT
Morta a facadas
www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/...

13 – VERÔNICA DE MOURA

Idade: 26 anos
Data da agressão: 24 de setembro de 2016 (sábado)
Local da agressão: Toledo, interior do Paraná.
Agredida primeiro verbalmente e então, com golpes e chutes até cair.
www.nos2.co/2016/09/mulher-e-espancada-.../

14 – Homem é suspeito de tentar estuprar filha lésbica para fazê-la ‘virar mulher’

Idade: 14 anos.
Data da agressão: 7 de janeiro de 2016.
Local: Araguaiana, Tocantis.
Tentou estuprá-la num matagal após descobrir o relacionamento homoafetivo da filha.

g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2016/01/homem-e-suspeito-de-tentar-estuprar-filha-lesbica-para-faze-la-virar-mulher.html?utm_source=facebook&utm_medium=share-bar-desktop&utm_campaign=share-bar

15. Cristine Maria Pereira

Mulher negra, lésbica e candomblecista, de 35 anos, foi mais uma vítima do ódio em Mogi das Cruzes. Foi brutalmente espancada por Thiago Wermelinger Xavier Franco, que infelizmente o conheceu na manhã de sexta, culminando momentos depois com a sua morte. A luz do dia, na frente de várias pessoas, Thiago a matou livremente com socos e pontapés. A PM inicialmente a tratou como moradora de rua, que foi descartado pela família. Wermelinger responderá na Justiça por homicídio “simples”. Preso em flagrante.

odiariodemogi.com.br/familia-identifica...

 

se quiserem dar uma editada, subir as fotos…

 
 

se souberem de outros casos, postem aqui e tal.

da parte extraída de um documento pronto, mudei o termo ‘crime’ por ’agressão, porque achei que induz a uma logica meio policial e estatal, não sei que vcs acham, eu não curto o conceito de crime. Achei mais interessante nomear mesmo com os termos desenvolvidos pelo feminismo. Emfim essa discussão é delicada, o que seria justiça nesse caso? Não acho útil envolver a polícia ou o sistema prisional, mas sanções mais veementes poderiam ser uma via… porque se há impunidade há reincidência, é preciso que o agressor perca coisas para que mude, isso é um trabalho muito complexo… mas impunidade não pode haver também, mas não nos moldes punitivistas tradicionais dos quais somos críticas… pelo menos eu sou pois não curto o Estado nem a PM nem as prisões. Complexo.

 
 

Lendo isso algumas coisas que concluo:

1o) a misoginia nunca pára de surpreender na sua perversidade, ao mesmo tempo que parece que apenas se repete e se repete ao longo da história do patriarcado, a caça às bruxas, o ginocídio.

2o) o feminismo lésbico não chega a mulheres periféricas, negras, pobres, que pelo que vemos, são a maioria das vítimas. O lesbofeminismo é burguês e não oferece propostas de militância real contra essa atrocidade, ele contempla lésbicas que tem acesso a seus espaços que se tornaram praticamente de entretenimento apenas. Na era pós-moderna a militância está morta, então ninguém mobiliza algo real pra conter isso. Ele não chega à essas lésbicas, não chega mesmo, o facebook não chega à essas lésbicas, festas lésbicas não resolvem esse problema, a despolitização lésbica é um problema também, o movimento se tornou sobre personalismo e estrelismo, não sobre lésbicas.

3o) o feminismo continua querendo ignorar a questão butch, mesmo sendo evidente que o ódio que leva ao assassinato nesse caso se dirige contra a imagem não feminina dessas lésbicas, pois praticamente todas aqui são butches (na minha leitura todas são). Por mera birra mesquinha. E eu penso até quando vão ignorar que são os alvos mais gritantes do ódio lesbofóbico, e quando o feminismo chegará até essas lésbicas. (Porque elas num geral mal conseguem se identificar com o discurso feminista dada a sua marginalização no mesmo). E depois dessa marginalização, qual papel das políticas trans para vulnerar ainda mais essas lésbicas.

4o) no caso 5, penso na questão da participação das mulheres na manutenção da heterossexualidade, das violências lesbofóbicas, na perseguição à lésbicas e a traição repetitiva entre mulheres, a desresponsabilização das teorias feministas sobre agência das mulheres. lesbofobia internalizada? é útil seguir ignorando que mulheres também são sujeitos, junto aos homens, na manutenção do heterossexismo, mesmo que a quem beneficie seja a estes e estes sejam os autores mais frequentes das violências lesbofóbicas (ao menos as físicas)?

5o) Saídas: postar esses documentos nas redes sociais é efetivo, ou acaba sendo como as campanhas institucionais contra violência doméstica, a expôr imagens de mulheres maltratadas, nada empoderadoras. Esse documento pode apenas passar a idéia de medo e de que somos vítimas, ou pode impelir à ação. Porque se não impulsiona nenhuma ação, eu apenas acho vitimizador, engatilhador, e ainda mais assassino da história dessas mulheres, apenas lembradas pela violência que as acometeu, e não por suas histórias, suas vidas e contribuições. Apenas aniquilamos nossa própria história, como pretende o assassinato físico, assim como o simbólico (os dois andam juntos na história). Além do que, não é exposição colocar a foto das mulheres mortas desta forma? Será que é a melhor forma de expôr suas historias e lembrá-las? Isso não contribui ao assassinato de nossa herstória?

6o) Ainda na idéia das saídas, penso na questão dos femicídios, e a discussão a que se chega é de que, se eles ocorrem, é graças à impunidade. Sair com a questão do lesbicídio às ruas é importante, porque esses assassinatos não são vistos nem politizados. É preciso um movimento massivo que visibilize e demande importância para esses eventos. Se não há justiça, se nada acontece, os femicídios e violências têm passe-livre para ocorrer. Aí caímos na questão: queremos prisões? Que justiça queremos? Que danos o agressor pode receber para que isso sirva de alerta?

7 o) Mesmo como autônoma não consigo deixar de pensar na necessidade de elaborar políticas públicas com recorte de lésbicas, porque penso como medida de contenção. Será que a política de violência doméstica atende às lésbicas? (se mal atende às mulheres heteros). Serviços para proteger as lésbicas. Será que essas lésbicas se depararam com seus assassinos pela primeira vez nesses incidentes, será que não vinham ameaçando e perseguindo antes? E se sim, será que não seria importante justamente romper o silêncio, poder denunciar, haver linhas telefonicas de denúncia, específicos para esse caso? Nas campanhas de Maria da Penha não se deixa explícito que a lei atende esses casos, são extremamente heterocentradas. O silêncio, o medo da exposição, duma condição a ser escondida, ou simplesmente marginal, sem ter a que recorrer, em termos de serviços, de referências, não é justamente o que contribui para o fim de suas vidas?

8o) Se o feminismo não se importa nem vai se importar com isso, quem vai se importar? Só depende das lésbicas, e de seu movimento, o feminismo não tem interesse nessa bandeira, a menos que seja para divulgar seus coletivos mistos (de mulheres mesmo). Ao mesmo tempo, é preciso da força de movimentos, é preciso que outros assumam essa questão, e visibilizem, porque é preciso somar os movimentos sociais em torno a essa pauta de modo a que ganhe importância e reconhecimento que precisa pra que seja levado a sério.

9o) Necessidade de espalhar e fortalecer as células de autodefesa feminista e levar a sério essa política. Levar a sério treinos e fortalecimento físico, psicológico. O movimento devia focar mais em coisas objetivas, e não tomar autodefesa como oficinas curtas a figurarem em eventos feministas apenas para bonito na programação (pois em uma oficina não se aprende nada, e a autodefesa justamente traz a necessidade da responsabilidade individual na sua libertação e empoderametno). Só assim pra deixar de ser vítima, está em nossas mãos (apesar de que os assassinos portavam armas de fogo nestes casos, existem treinos que lidam com armas de fogo também).

10o) Ruptura com homens é fundamental. Ao mesmo tempo que é essa mesma ruptura e a ameaça que representa que mobiliza esse backlash genocida. Ainda assim acho que é mais arriscado não realizar o separatismo. Ele é necessário, homens são perigosos e não dá pra subestimar seu potencial nocivo.

 
 

Quanto ao ponto 5, em particular: Sim, também pensei na questão da exposição dessas vítimas, todavia entendo que esses casos continuam a acontecer justamente porque essas pessoas são invisíveis para a maior parte da sociedade – e principalmente para a parte da sociedade que fica bem feliz sentada em casa na frente de um computador. Nesse caso, acho que, sim, a exposição pode ser efetiva para (tentar) gerar alguma sensibilização. Acho que ainda falta alguma coisa que indique o caminho para uma tomada de atitude, só não sei o que dar de sugestão.

Assino embaixo de todas as coisas que você escreveu.

 
 

mrsf, quando você falou em sensibilização, cê não acha que tipo, se esse documento cai na mão de algum macho, eles não se sentiriam justamente estimulados, orgulhosos e até inspirados? Tenho medo de, ao criar um documento deste, possa até dar idéia ou dizer a eles que, nossa, sua política está dando certo… nada ocorre… Não subestimo ainda mais nos tempos conservadores que estão vindo com o golpe de Estado e a crescente repressão e facismo. Acredito que este documento sirva mais como um dossiê interno do movimento (estou chamando movimento num geral, desde organizado a rolê ou quem tá na frente do pc rs). Vou manter ainda público esse doc mesmo sabendo disso, porque é importante que lésbicas tenham acesso a ele e tomem consciência do que está ocorrendo.

 
 

mais uma lésbica pra lista hoje, infelizmente….

odiariodemogi.com.br/familia-identifica...

 
 

www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie.../
Dossiê Feminicidio recentemente lançado pela Agência Patrícia Galvão não consta nada sobre lesbicídio e assassinato de lésbicas.

 
 

Sobre Luana Barbosa dos Reis, últimas notícias: arquivaram o processo, os policiais que mataram ela um deles se aposentou e os outros dois estão no administrativo. Não existe Justiça para lésbicas. Os assassinos estão impunes.

“Ela morreu cinco dias depois da ação, devido a isquemia cerebral e traumatismo craniano em decorrência de espancamento. A família alega que Luana foi agredida após negar que policiais do sexo masculino a revistassem. A irmã dela, a professora Roseli Barbosa dos Reis, acusa os policiais de racismo e homofobia lesbofobia, uma vez que a vítima era negra e lésbica.” (via Lésbicas em Luta)

g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/n...

 
 

Tem esse blog que tá fazendo um trampo massa com casos do mundo todo: https://inmemoriamlesbian.blogspot.com.br/2016/04/?m=0

Vai rolar também o dossiê do lesbocídio: https://lesbocidio.wordpress.com/

 
 

legal! valeu, encontrei uma lista na internet e resolvi passa-la aqui, pois estava num formato doc e pouco acessivel. Q bom q a investigação continua. Hj peguei uma notícia num jornal de que o Estado de SP registra um crime de intolerancia a cada 12h, vou ve se escaneio e jogo aqui as estatisticas sao interessantes. São 1091 ocorrências registradas de janeiro de 2016 até agosto de 2017 apenas em sp, mas aí tem várias modalidades mas num geral são fatores de orientação sexual, raça e imigração.

 
 

que tristeza que dá saber a perversidade e a crueldade que as lésbicas enfrentam. agravantes sérios os fatores rejeição da feminilidade e serem sapatão negra e periférica. não creio em medir sofrimento e agressão, mas é notável que os ataques mais violentos são contra sapatonas nesse lugar. também acredito que o movimento ainda falha bastante em alcançar.

porem ate mesmo tendo uma rede essas coisas ocorrem. Luana Barbosa por ex. era parte de uma gangue de minas e confrontava a violência masculina em seu dia-a-dia com coragem, sabia se defender. só que o ataque dos facho foi covardia completa. um dos casos que retrata o quanto é perigosa a existencia da policia militar para lesbikas tb…

vo escreve umas parada pra editar com mais informação sobre as mina.

 
   

Legal! Estamos pesquisando a vida da Luana Barbosa dos Reis.
Acredito que o fato dela ter essa gangue, a autodefesa, e o fato dela incomodar, constitui seu assassinato num backlash, em um assassinato político, além de crime de ódio lesbofóbico.
Justamente por peitar a violência policial que ela foi eliminada.