Eu tenho uma posição militante como lésbica radical que é uma ética de empatia e sororidade com as lésbicas, eu coloco lésbicas em primeiro lugar, e por isso, para não cometer lesbofobia, né, eu tomo um cuidado aí de tentar acolher as lésbicas independente delas serem radicalizadas, politizadas ou não, e de ir fortalecendo esses processos, de radicalização, tudo mais. Tenho um amor imenso à lésbicas, precisamos nos dar amor. Mas eu acho que sim, porque radicalizar é levar às últimas consequências essa ruptura com Patriarcado. Essa é minha concepção, expliquei no telegram tambem porque eu acho que radicalizar ao meu ver é não fechar com política institucional nem representativa nem querer governos… embora eu entenda lésbicas que defendam a Dilma no contexto politico que vivemos porque querendo ou não a vida das lésbicas piora com regimes de direita né. Eu acho que a postura radical é de declarar que direitos não são suficientes, nem inclusão no sistema, nem governos, nem lésbicas no Poder político patriarcal e sim a autogestão das lésbicas… eu posso dialogar com outras lésbicas no entanto, não posso me fechar num hermetismo né… mas radicalizar é pra mim sair do sistema.
E na questão do veganismo, eu acredito sim que veganismo é necessário pra ser radical, porque entendo que ser radical é sair da cultura do Patriarcado, e o consumo/abuso de animais é totalmente relacionado à cultura patriarcal, eu venho estudado isso faz anos e sou vegana há 10 anos, acho que carnivorismo não combina com lésbicas… é aculturamento… nossa dieta ancestral me parece estar ligada ao intercambio com a natureza, me hermano com a Natureza, a Terra, considero que ela é um ente vivo e uma Lèsbica (sou ecofeminista ehhehe) e que o que a Terra e Animais sofre é consequencia da misoginia, é metaforicamente uma violação, é um ato simbolico masculino de negaçao da vida, a Mary Daly fala que o Patriarcado é necrofilico, e nisso entra pra mim o regime de carne, que pra mim nao é uma alimentação, mas uma economia simbólica falocrática.
Pra alem disso não vejo como ser lésbica e não ser contrária a todas opressões, e construir outras relações, por fora das relações de dominação do Patriarcado. Não mais dominação sobre pessoas, nem sobre animais, nem sobre os recursos naturais… nem sobre crianças, nem sobre outras mulheres, nem sobre negras, nem indigenas… é ser anti racista, anti capitalista, anti especista, é ser contra o Estado, por outra forma de vida, é ser contra a Civilização, ser lésbica é ruptura com a Civilização, é outra proposta de vida e de éticas e portanto, é uma revolução cultural. E dentro dessa revolução cultural, pra mim, é inconcebível a opressão à animais, seres senscientes oprimidos por motivos muito parecidos com a opressão da mulher, coisificados de forma parecida a como mulheres são, abusados, negados em seu existir… E isso nasce com os Patriarcas e é assim como o estupro de guerra, uma mensagem: nós dominamos, nós temos o Poder, nós possuimos. Isso não pode ser reproduzido, eu acho, pela gente.
Mas entendo que as lésbicas se encontram em muitas circunstancias em que esse regime é empurrado pra elas de muitas formas e a dificuldade de resistir como anti especista e manter nossa politica e objeção ao abuso de animais… mas estamos aí pra nos ajudar! E fazer uma resistencia convicta :)