Uma crítica feminista às relações livres (RLi)

Publicado em 21 de fevereiro de 2014
Escrito por Juno

(nota de chúy: todos os grifos NÃO estão aqui. daria muito trabalho. então é melhor ir lá no blog:)

Relações Livres (RLi) são uma forma não-monogâmica de se relacionar que existe em oposição e crítica a algumas outras, nela, não existem “casais primários” pra onde pessoas de fora do casal são trazidas (as relações não são hierarquizadas). O número de relações não está pré-estabelecido, e não existe uma “aprovação” a ser conseguida de uma das partes pra que alguém se relacione com outras pessoas.

Como definido pela Rede Relações Livres:

“Relação Livre é quando a pessoa mantém autonomia e plena liberdade pessoal seja lá qual for a relação sexual/afetiva e em qualquer circunstância de estabilidade.

Nossa maior dificuldade é que esta visão pressupõe pessoas muito livres, não possessivas e não ciumentas. E como toda a ordem cultural está oposta a isto, há um número limitado de pessoas onde isto pode hoje ser vivido plenamente. Na rede RLi/RS você encontra estas pessoas.”

Eu acredito que o maior problema aqui se encontra na frase final: “na Rede RLi você encontra estas pessoas”. Para mim, não se trata de separar o joio do trigo.

Este é um texto que provavelmente eriçará alguns pelos nas nucas de muita gente. Gostaria de deixar enegrecido aqui que sou uma pessoa RLi, e que encontrei nessa corrente não-monogâmica a forma mais crítica e interessante de não-monogamia, mas algumas coisas precisam a esta altura serem ditas. Eu não deveria ter de fazer essa média e deixar flores aos pés do RLi antes de começar, haja vista que se uma mulher traz os pontos que trarei, ela deve ser ouvida mesmo que queiram chamá-la de sectária. Sei que minhas críticas serão duras, mas elas são necessárias, e o feminismo me ensinou a não dobrar minha língua para a supremacia masculina. Eu trago estas ideias porque acredito que é preciso fazer oposição a certas formas de pensar e fazer política dentro do movimento, e que para isso precisamos chamar as coisas pelo nome. O movimento RLi é uma potência política organizada contra a monogamia, algo fundamental, incrível e raro em qualquer lugar do mundo — e é justamente por isso, porque é um movimento precioso, que trago estas críticas: porque esta potência precisa ser aproveitada ao seu máximo, sem nunca ceder e compactuar com o patriarcado, com o capitalismo, com a supremacia branca e com a transmisoginia.

Minha intenção não é a de dizer que o RLi é falido e descartável, mas de colocar alguns pontos através da perspectiva de uma mulher trans negra — categorias estas (mulheres trans e mulheres negras) inexistentes dentro do contingente de pessoas que formulou no passado o que RLi é e como funciona, e também uma categoria extremamente minoritária dentro da organização da Rede RLi, com presença somente no núcleo paulistano da rede, que seria o mais jovem de todos se não pelos recém-fundados núcleos carioca e soteropolitano, ambos ainda em formação. Eu acredito que esta lente pela qual a não-monogamia — e principalmente o processo de “tornar-se RLi” — tem sido analisada dentro da Rede RLi limitou o alcance de pessoas duplamente (ou mais ainda) marginalizadas pela monogamia.

Nisto eu acredito também que pessoas gordas, com deficiência e intersexo podem encontrar apoio dentro da minha reflexão sobre o papel e o alcance de empreitadas não-monogâmicas. Também pretendo falar sobre como a misoginia se interlaça na monogamia, haja vista que, como disse num texto anterior,

“As mulheres são socializadas a serem monogâmicas — e esperar por um homem ideal; e os homens são socializados não para serem monogâmicos, mas para colecionarem mulheres — e ter nojo dos outros homens, porque se um homem o deseja, ele é afeminado, e as mulheres são nojentas.

Isso significa que na hora que a Monogamia se dá sobre as pessoas, ela certamente pode ser opressora para todas nós, mas é demasiadamente desonesto sugerir que incide de forma igual sobre homens, mulheres e pessoas não-binárias; de forma que a posição dos homens dentro da monogamia se constrói como uma liberdade de violar as expectativas monogâmicas de uma mulher. Se a monogamia é um sistema, o homem adulto e cisgênero é o seu administrador.”

Uma crítica feminista às relações livres (RLi)

Eu acredito que não existe equiparação entre a insegurança produzida dentro do patriarcado contra uma mulher negra trabalhadora que perderá seu marido com a insegurança produzida contra uma mulher branca burguesa que perderá seu marido. A necessidade de manter-se em um casamento aqui, e o medo de perder esse casamento, está atravessada por questões econômicas e de raça, que arriscam a vida da mulher negra, e se assentam sobre a milenar empreitada da supremacia branca em minar a auto-estima da mulher negra.

Igualmente, eu não acredito que existe equiparação entre o sentimento de controle normalmente exibido pelos homens contra as mulheres e o sentimento de insegurança das mulheres que o homem se relacione com outra mulher. No primeiro caso, o “ciúme” é a restrição de quais pessoas a mulher se relacionará (e aqui cabe lembrar que relações heterossexuais que se dizem não-monogâmicas mas exigem que a mulher só se relacione com outras mulheres são algo profundamente misógino, e que os homens destas relações são mais monogâmicos do que qualquer casamento lésbico), de tal forma que se aquela mulher se relaciona com outras pessoas isto é uma “afronta”, e muitas vezes essa afronta é punida com um feminicídio. No segundo caso, trata-se da insegurança produzida nas mulheres quando toda a carga de competitividade feminina e de necessidade de agradar os homens lhe produz insegurança. Atualmente, em muitos espaços não-monogâmicos estamos chamando estas duas situações de “ciúme”, mas o termo “ciúme” é politicamente inútil: ele engole nossas necessidades específicas como mulheres, e principalmente como mulheres negras, mulheres trans, mulheres trans negras.

O que estou dizendo a essa altura deve estar soando a alguns ouvidos — principalmente a ouvidos masculinos, cisgêneros e brancos — como uma defesa dos ciúmes, uma defesa de que esse sentimento é natural, e de que as demandas criadas por ele devem então ser obedecidas, e então estaríamos “negociando nossa liberdade”, algo que dentro do RLi é abominável. Não se trata disso, mas de re-avaliar como nós reagimos ao ciúme, como o chamamos e como o resolvemos coletivamente. A monogamia é sim um problema, e precisamos sim destruí-la, e é sim mais saudável para nós enquanto um grupo adotar relações não-monogâmicas. Não se trata de uma defesa da monogamia, que é ponto pacífico ser danosa, mas de questionamentos sobre como estamos discutindo ela, e se estamos falando sobre o que é importante.

Deixe-me deixar algo bastante esmiuçado: o primeiro significado de ciúme que descrevi é uma forma de abuso emocional, de controle dos corpos das mulheres. Ele é assassino, nojento e precisa sim ser destruído. E se for somente este o ciúme a ser combatido e desprezado, conte comigo. Contudo, se iremos chamar pelo mesmo nome a insegurança produzida por sistemas de dominação — e isso inclui puramente a Monogamia, mas principalmente quando somam-se a ela fatores como a negritude e a transgeneridade —, então não contem comigo.

Atualmente, muitas vezes lidamos de uma forma completamente individualista e ineficaz com esta segunda forma de “ciúme”. O ciúme é sempre tratado como um problema “do outro” e algo a ser resolvido por ele. “Se vira com seu ciúme” é frequentemente a nossa mentalidade frente a ele, e às vezes com orgulho, porque assim não estamos negociando nossa liberdade. Isto faz sentido quando estão tentando controlar nossos corpos, mas não faz sentido quando estamos sentindo insegurança frente à noção monogâmica que hierarquiza as relações, e nos faz eternas competidoras por sermos “a melhor”, “a eleita”, “a que é tão boa que nem é traída”: “homem que come bem em casa não faz lanchinho fora”

A monogamia está assentada em questões econômicas, que impelem o casamento como sinônimo de estabilidade financeira e a capacidade de ter uma casa, comida. Se vamos “encontrar pessoas totalmente livres”, então estamos simplesmente procurando pessoas burguesas, ou de classe média. Sim, precisamos ser contra o casamento, mas entender que o casamento tem raízes econômicas é muito diferente de entender como devemos agir no enfrentamento do casamento dentro do capitalismo tardio.

A monogamia está assentada na heterossexualidade compulsória imposta às mulheres, isto é, na noção de que devem se relacionar com os homens. Ela se assenta no apagamento lésbico, na misoginia, porque uma mulher estar só é ruim, estar com outra mulher é ruim. É preciso estar com um homem, e esta relação será exclusiva. Estes dois requerimentos não estão descolados um do outro. As relações não são meramente uma questão de quantas pessoas estão envolvidas, mas quem o patriarcado se autoriza a envolver-se. Estes não são pontos distantes do assunto não-monogamia, e abordá-los não deve ser visto como um “favor”, uma “ampliação”. Isto é central, e nosso discurso está descentralizado.

Essas inseguranças não vêm de ciúmes, elas não vêm da necessidade egoísta de “ter a pessoa só para você”, mas da mentalidade patriarcal, racista e transmisógina, onde as mulheres são fontes das quais homens extraem capital sexual. Tais fontes são portanto descartáveis e substituíveis. Elas são colocadas para competir, como empresas dentro do capitalismo, a se assassinar na competição dentro do capitalismo, dispostas a destruir os recursos e empobrecer os trabalhadores se for preciso. É assim que acontece com as mulheres dentro do patriarcado, e nossa insegurança não é um egoísmo — egoísmo é o ato de violência de um homem que se diz “relações livres” em apagar toda a carga de misoginia desta insegurança e colar nela um adesivo de “ciúme”. Se trabalharmos nessa visão, nunca iremos perceber e resolver estes entrelaçamentos da monogamia com o racismo, a gordofobia, a misoginia e a transmisoginia e nossos esforços como “relações livres” serão esforços de sustentação do patriarcado tal como ele é. Estaremos protegendo a supremacia masculina ao responsabilizar mulheres pela dominação dos homens.

Fiz um texto em novembro do ano passado onde tentava falar sobre como seria uma forma melhor de lidar com insegurança dentro das nossas relações. Nele, escrevi:

“aos poucos fui descobrindo que não-monogamia precisava significar fazer as pessoas se sentirem mais valiosas, e nunca menos. e que deveria estimular o auto-cuidado, e não cometer nenhum dos dois erros opostos a isso: agir de forma egoísta em relação às dependências emocionais que por ventura surgissem entre pessoas não-monogâmicas, ou agir como se essa dependência emocional não existisse, fosse desimportante, ou não fosse problema seu. se não-monogamia não podia significar ter uma obrigação com a outra pessoa, então automaticamente precisava significar que eu tenho uma responsabilidade de ajudá-la a cuidar-se, pra que jamais nossa relação se tornasse escravizante e dependente.

... se existe uma não-monogamia individualista, que pressupõe que minha liberdade afetiva, sexual ou romântica deve ser colocada à frente da nossa responsabilidade coletiva de construir novas formas de relação e de afeto, então no mesmo segundo eu me situarei numa então fundada ‘não-monogamia social’, oposta a esta primeira. não quero simplesmente poder me desvincular de mulheres (trans e cis) e pessoas trans que não se sentiram livres o suficiente para se relacionar comigo. quero que nossa relação seja parte de um esforço político para destruirmos conjuntamente nossas correntes.

... a questão é: queremos que relações livres sejam meramente relações que extrapolam para além das relações exclusivas entre pares, ou queremos que sejam relações onde questionamos os pilares da imposição, do sofrimento e da opressão relacionadas especificamente às formas como organizamos nossos relacionamentos?

... eu acho que eu tenho uma responsabilidade de ajudar a pessoa a construir essa relação, e que ela também pode me ajudar a construir a minha. que se existe algo de sororário e solidário a se explorar nas relações livres, é justamente este potencial de que as pessoas percebam que, não somente devemos nos relacionar, mas nos ajudar a desconstruir a monogamia. nos ajudar a construir autonomia sobre nós. nos ajudar a ter consciência de que somos, antes de mais nada, nós. e que antes de mais nada podemos ter uma afetividade, um amor e uma sexualidade que nos é própria. e tudo aquilo que o patriarcado roubou da gente, é nosso.

... eu acredito que estar numa relação livre não é só exigir, mas é fornecer autonomia. eu acredito que estar numa relação livre é ajudar a outra pessoa a não precisar de você.

... eu acredito que não-monogamia significa liberdade, mas uma liberdade real. material. plenamente física: ela acontece quando não sofremos quando estaríamos sofrendo, quando não nos deprimimos quando teríamos nos deprimido, quando sentimos compersão onde sentiríamos ciúme, quando sentimos saudade onde sentiríamos angústia.”

Sendo assim, eu falho em entender as razões até mesmo práticas pelas quais deveríamos a qualquer momento tratar os ciúmes como um assunto morto. Ele é um assunto extremamente político, e, de duas uma, ou é confundido com insegurança, ou tem uma face de insegurança. Tal insegurança precisa ser discutida, e isso significa discutir as formas de marginalização que já elenquei inúmeras vezes, de forma a empoderar sujeitos marginalizados para que consigamos enxergar as relações como relações onde somos pessoas valorizadas, capazes e autônomas. Significa colocar as pessoas que têm estas demandas específicas no centro da roda e começar a falar sobre suas experiências dentro de relações, as experiências de racialização, sexualização, cissexismo; como a gordofobia e o capacitismo e o intersexismo incide sobre esses corpos na hora das relações.

Eu diria que, infelizmente, se o RLi se pretendia uma forma não-monogâmica que estava assentada no feminismo, isto é, partia de uma análise feminista, ele falhou nesta missão, e muito precisa ser reformado para atingirmos esse ponto. Análises feministas não resultam em falsas simetrias entre homens e mulheres, análises feministas não equiparariam a liberdade afetiva de homens com a insegurança das mulheres, e algumas análises feministas não deixariam de problematizar a heterossexualidade dentro do patriarcado como a realidade sangrenta que ela é. A segurança das mulheres dentro das nossas relações afetivas precisam ser prioridade em qualquer espaço, e isto também exige que nossa integridade seja uma preocupação na hora de produzirmos teoria. Analisas feministas não dissociam a realidade do patriarcado, e portanto se atentam de fato à posição das mulheres dentro dos sistemas sendo analisados, neste caso, a Monogamia. Até onde minha experiência chega, lendo nas entrelinhas e principalmente naquilo que não é dito mas somente praticado em silêncio, esta análise falhou em ser feminista. Ela em muitos momentos protege homens que abusam emocionalmente de mulheres, e equipara posições desiguais, descolando a a realidade monogâmica da realidade patriarcal.

Quando a Rede RLi define relações livres como citei no começo deste texto, e diz, (grifos meus) “o problema é que esta visão RLi pressupõe pessoas muito livres, não possessivas e não ciumentas. E como toda a ordem cultural está oposta a isto, há um número limitado de pessoas onde isto pode hoje ser vivido plenamente. Na rede RLi/RS você encontra estas pessoas”, está expressando uma mentalidade extremamente liberal, que não pretende um enfrentamento da Monogamia como movimento social — algo que talvez me enganei em pensar ser um fator de destaque do RLi comparado com outras correntes não-monogâmicas — mas sim da criação de uma “rede social” onde as pessoas “muito livres, não possessivas e não ciumentas” se encontram.

Como feminista radical, pra mim se torna evidente a esta altura que, sendo assim, não se trata mais de destruir pelas raízes aquilo que produz a insegurança e aí então o ciúme (nesta ordem) dentro das nossas relações interpessoais: a misoginia, o racismo, a transmisoginia, a gordofobia, o capacitismo, o intersexismo; mas meramente de isolar-se das pessoas que sentem ciúmes, mesmo que devido a estes fatores estruturais, e encontrar as pessoas certas. Ora, serão estas as pessoas cis, brancas, magras, sem deficiências, não-intersexo. Sendo assim, não estamos procurando destruir a monogamia, mas sustentá-la. Porque se aceitamos que a monogamia é um sistema estrutural, um estabelecimento complexo, e não uma mera relação individual entre as pessoas, então não nos basta nos isolar como pessoas “muito livres” que somos, é preciso que este sistema tenha suas raízes expostas e podadas. Se estamos meramente nos isolando em relação a estas pessoas, então se trata de tornar a monogamia confortável para quem tem os recursos para sentir conforto dentro dela, e não de expurgá-la para que ninguém mais, principalmente quem não consegue sobreviver dentro dela, seja “muito livre” de fato. Esta seria portanto a intenção de uma teoria não-monogâmica radical.

Escrevo este texto como alguém que se viu aflita ao lidar com insegurança dentro de relações não-monogâmicas e monogâmicas também, como alguém que não sente ciúmes — mas sim muita compersão, mas que teve que nomear como “ciúmes” inseguranças advindas da transmisoginia. Nós mulheres trans passamos nossas vidas ouvindo que somos menos que as mulheres cis, que nunca seremos tão desejáveis quanto elas, e as expectativas do patriarcado sobre a beleza das mulheres recaem sobre nós não como “muito altas”, mas sim como “completa e totalmente inatingíveis”. A nossa insegurança diante de uma mulher cis não é uma expressão de egoísmo e de “ciúme”, ela é fruto da transmisoginia, e assim deve ser chamada. Estas expressões de insegurança não podem mais ser recebidas como “problemas”, mas sim a transmisoginia precisa ser considerada um problema. Não se trata de nos isolar das pessoas ciumentas, ou de rechaçar o ciúmes como sempre sendo uma expressão de controle em abuso: é preciso discutir o racismo, a gordofobia, a transmisoginia dentro de qualquer grupo que se pretenda não-monogâmico, pois do contrário este é um grupo onde pessoas que não sofrem estas opressões irão se reunir e criar laços afetivos e irmandades que no fim das contas excluem e marginalizam ainda mais as pessoas negras, trans, gordas, com deficiência e intersexo. Eu escrevo este texto como uma mulher negra que a nenhum momento vai conseguir esquecer de como é a auto-estima da mulher negra dentro de uma sociedade racista, e que ao se ver comparada com mulheres brancas não consegue retirar a carga que a “beleza” carrega como valor maior dentro das nossas relações, como mulher negra latino-americana cuja experiência de hipersexualização não se aplica às mulheres brancas, de tal forma que o sexo se torna um assunto tão mais político e sensível.

Talvez a própria noção de “mulher ciumenta” seja problemática, talvez a noção de “ciúme” é que esteja despolitizada. Talvez se trate de parar de chamar insegurança de ciúmes, haja vista que tal uso protege a supremacia masculina, mas certamente se trata de tomar uma postura sororária em relação às mulheres que experienciam insegurança, e não de tratar o ciúmes como uma simples espinha a ser espremida pra fora de nossos corpos. É preciso abraçar estas pessoas e discutir com elas as raízes daquilo que nos está prendendo. Do contrário, estamos somente isolando quem está mais preso do que nós, e nos beneficiando dessa higienização.