Incendiar o tédio que consome tudo que permanece estático, na eterna iminência das potencialidades. Liberdade essa palavra que não é indefinível, já que tantxs sentem por sua perda, nos pequenos cerceamentos ou nas grandes opressões – essa ânsia compartilhada, esse incomodo num mundo cada vez menos livre, necessidade que impulsiona a algunxs a exercício de desobediência e exercício de liberdade. Para além das leis e dos aparatos repressivos que protegem xs capitalistas atrás de seus muros, de suxs advogadxs e de suas mesas – desobedecer conscientemente se faz necessário.
Fazer rádio é desobedecer a uma autoridade ilegítima, superar leis que garantem explorações, mentiras e privilégios, questionar a insolência de criar “cercas” – limites em pleno ar – tão ilegítimas quanto suxs entusiastas. Não existe naturalmente qualquer propriedade do ar. É por ele que as ondas se propagam e serão nelas que exercitaremos nossa liberdade imprimindo nossos desejos. Desejamos não apenas a busca de uma autosatisfação, mas a busca de uma nova forma de imprimir nessas ondas uma vontade coletiva que contém em si mesma meios de transformar o mundo. Nossas idéias e formas, buscam novas formas de idéias. A necessidade de uma radio é a uma forma de colocar para fora alternativas ao que está posto e sendo imposto. Não nos resignaremos, nem nos submeteremos à radiodifusão capitalista, privilégios concedidos pelos estados axs empresárixs que em tantos casos também são membrxs do estado. Será possível criar esta máquina nômade de guerra, sem que um meio se torne o fim?
Fazer rádio deve ser desobedecer, subverter e, quem sabe, reverter mentes degradadas pela reprodução. Atear fogo nas idéias devolvendo a elas seu perigo anti-sistêmico, glorioso e inglório. Faremos nós mesmxs, atacaremos este estado de coisas naturalizadas, das explorações e autoritarismos, por nós mesmxs, no subverso, em subversão, faremos rádio.