uma amiga reclamou esses dias… ’essa galera (as radicais) só querem saber de macropolítica, eu sou do rolê da micropolítica"….
eu acho que micropolíticas são ótimas e feminismo me empoderou muito em vários aspectos, posso ser peluda, construir minha auto-estima (dentro das limitações estruturais mais amplas) e tudo mais… mas ainda precisamos de feminismo enquanto movimento político. rolet micropolítico beneficia individualidades que tem compromisso com elas mesmas e seu grupe de amigues (afinidade) brancos, estudados e não sei que mais, e nada de compromisso com a classe das mulheres, que seguem sendo violadas na heterossexualidade compulsoria, incesto, prostituição, reprodução, sem direito a aborto nem controle mínimo de seus corpos e de quem os acessa, se reproduzem outros corpos ou não, sem acesso a subjetivação e quaisquer direitos humanos se andamos alguns metros além das nossas casas. Preciado diz que seu ’’’’’feminismo’’’’’ não beneficia as mulheres porque estas já conquistaram direitos… sendo que na Espanha existem casos alarmantes de tráfico de mulheres, existe abuso infantil, existe lesbofobia, aborto clandestino e inseguro…
depois questiono o quanto o enfoque do empoderamento não é nada mais que responsabilização individual, criando o grupo das ‘empoderadas’ e emancipadas, e o resto são mulheres que escolhem sua própria vitimização, joga toda responsabilidade de todas merdas que enfrentamos todos dias com nossas mentes zoadas pelos traumas desse sistema de violẽncia, feminilidade, lesbofobia, nossas dificuldades de autonomia, pra uma culpabilização individual,como se não tivessemos que ter condições coletivas para alcançar essas coisas, como se não tivessemos que conseguir coletivamente alcançar ‘empoderamento’. Por mais que nos esforcemos individualmente, se não há condições coletivas, não alcançamos autonomia de verdade. Por isso entendo ‘liberalismo’. O sujeito enquanto responsável do contrato de opressão no qual nasceu…