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O direito à cidade e o ato de implorar direitos ao Estado para protagonizar a gentrificação | omandarim_ca | 2015-04-23 |
POR UMA CIDADE SEM CATRACAS – um manifesto contra a higienização da cidade do Recife e a imobilidade urbana
No começo do ano, o povo tomou um susto. De repente, além da notícia (já esperada) do aumento nas de onibus, surgiram as espantosas notícias de que, a patir de agora, os bares de Olinda teriam de fechar às 22h e de que, aos Domingos, quem quisesse frequentar o Bairro do Recife teria de estar devidamente munido de documentos e passar por uma agradável revista com detectores de metal. A rua estaria, oficialmente, FECHADA.
O Estado estava nos informando de que ele pode, simplesmente, sugerir que há um horário delimitado para o festejo. O governo estava atestando que as nossas ruas, agora, só servem à circulação dos que podem pagar pelos bares a la shopping do “Novo Recife”. Ou seria dos turistas?
Isto foi feito, segundo eles, para impedir a circulação de carros na região. Para moralizar a atividade dos flanelinhas, que, na opinião dos jornais, extorquiam os pobres motoristas que utilizam a área para estacionar. Os motorizados agora podem estacionar no recém-construído estacionamento ao lado das áreas de armazéns, um ótimo mirante.
No entanto, se analisarmos a questão por um outro ângulo, a imagem não parece nada boa. A região central da cidade do Recife conta com a maior população de moradores de rua, exatamente por ser a região onde circulam mais consumidores. E pessoas que moram na rua, em geral, não possuem documento. Em média, a rua da moeda conta com 40mil pessoas circulando todos os fins de semana para irem a shows, bares ou
simplesmente – e com todo o direito – ficarem no meio da rua. Se divertindo com a música e o movimento. Muitos adolescentes menores de 18 anos também circulam ali. E não só os que moram na rua e que, na certa, não vêm acompanhados de maiores de idade. Mas também adolescentes que estão começando a frequentar festas além das de família. Ou que apenas querem andar de skate.
Por coincidência, as proibições dignas de Estado de exceção estão sendo testadas na região boêmia que fica dentro da área do projeto Novo Recife, a área mais frequentada por representantes de diversos nichos da contracultura popular da cidade. Gente que vem de seus bairros, as periferias da região metropolitana, para se encontrar e fazer da rua seu espaço de lazer. O bloqueio o Recife Antigo trata-se claramente de uma medida de higienização, parte de um projeto de gourmetização, de transformação da Cidade em um espaço
adequado à nova onda de desenvolvimento pela qual o estado de Pernambuco estaria passando. É a limpeza da cidade para os ricos.
Deliberadamente, a administração está impedindo a circulação dos moradores de rua, limitando o trabalho dos flanelinhas (já excluídos do mercado formal) e dizendo para os adolescentes ficarem em casa, ao lado dos pais. Ao invés de propor uma discussão ampla sobre a apropriação do espaço público, o governo simplesmente triplica o policiamento da área na tentativa de esconder toda a “feiúra” da cidade para os turistas não verem.
Vamos, juntos, ecoar um grito contra a higienização, pela liberação do espaço público e pelo direito à cidade.
É INADMISSÍVEL que sejamos submetidos à humilhação das revistas policiais ou ao simples impedimento de acesso ao espaço que é NOSSO.
Lugar de pobre não é nas periferias. Lugar de pobre é no centro. É na Cidade inteira.
Pela remoção imediata dos bloqueios e redução do efetivo policial no Bairro do Recife!
Pobreza não é sujeira.
A rua é do Povo.
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O direito à cidade e o ato de implorar direitos ao Estado para protagonizar a gentrificação | omandarim_ca | 2015-04-23 |